Migalhas Quentes

STJ aumenta penas de policiais condenados no caso Amarildo

O servente de pedreiro foi morto por PMs na favela da Rocinha, em 2013.

22/8/2023

Nesta terça-feira, 22, a 6ª turma do STJ aumentou a pena de oito policiais militares condenados pelo desaparecimento e morte do ajudante de pedreiro Amarildo. As condenações são pelos crimes de tortura seguida de morte e ocultação de cadáver.

O colegiado, por unanimidade, acompanhou voto do relator, ministro Rogerio Schietti, para quem o fato de o corpo da vítima ainda não ter sido encontrado, de modo a impedir que seus familiares o sepultem, "é circunstância mais gravosa do delito, que enseja a exasperação da pena base".

Relembre

Em 2013, o ajudante de pedreiro, de 42 anos, foi levado por policiais à UPP - Unidade de Polícia Pacificadora na favela da Rocinha. Desde então, o trabalhador não foi mais visto. Nenhuma das câmeras próximas à UPP registrou a saída de Amarildo, mas há imagens dele entrando num carro da polícia para ser levado para a averiguação. Após as investigações, a Justiça concluiu que ele foi torturado até a morte. O corpo nunca foi encontrado.

Seu sumiço provocou várias manifestações dos moradores da comunidade e teve repercussão internacional.

No âmbito cível, em agosto de 2022, a 2ª turma do STJ manteve a condenação do Estado do Rio de Janeiro ao pagamento de pensão e de indenização por danos morais de R$ 500 mil para a companheira e para cada um dos filhos de Amarildo. 

370936

A 6ª turma do STJ aumenta penas de PMs condenados pela morte do servente de pedreiro Amarildo.(Imagem: Nelson Antoine/Fotoarena/Folhapress)

Ao votar, o relator explicou que jurisdição do STJ não é apenas mais um grau de instância, mas sim uma jurisdição extraordinária. Assim, segundo ele, não cabe à Corte julgar “alegações ou incursões em matéria probatória que não possam ser de conhecimento em recurso especial”.

Em seguida, Schietti ressaltou que caso em análise se tornou notório em decorrência da gravidade concreta do fato, "que configurou um emblemático episódio de violência policial contra integrante da população preta e periférica do Rio de Janeiro, a provocar abalos sociais não apenas na comunidade local, como também no país e na comunidade internacional"

Segundo o relator, a denúncia narra que os policiais haveriam usado uma linha telefônica, a qual sabiam que estava interceptada, para simular uma conversa em que imputavam a morte de Amarildo a traficantes da região. 

“Ao tentar atribuir o sumiço de Amarildo aos traficantes, os acusados demostraram a finalidade de ocultar suas participações na tortura e na ocultação de cadáver, porém, não inovaram a cena do crime e não alteraram a pessoa ou o objeto do delito, portanto, não há como acolher o pleito acusatório.”

No mais, considerou que, apesar de o crime de ocultação de cadáver ser de natureza permanente, a ausência de recuperação do corpo não constitui elementar típica e autoriza o aumento da sanção. “Com efeito, o fato do corpo vítima, dez anos depois do crime, ainda não ter sido encontrado, de modo a impedir que seus familiares o sepultem, é circunstância mais gravosa do delito, que enseja, a meu sentir, exasperação da pena base.”

Nesse sentido, conheceu parcialmente do recurso apresentado pelo MP/RJ para redimensionar as penas dos policiais militares.

Algumas das novas penas fixadas são:

O colegiado, por unanimidade, acompanhou o relator. 

Veja mais no portal
cadastre-se, comente, saiba mais

Leia mais

Migalhas Quentes

STJ mantém indenização do RJ à família de Amarildo

2/8/2022
Migalhas Quentes

STJ tem maioria para manter indenização do RJ à família de Amarildo

15/2/2022
Migalhas Quentes

Barroso e Fux alfinetam Gilmar e criticam uso de tragédias para fundamentar voto

13/6/2018

Notícias Mais Lidas

OAB/GO retira estandes em shopping e suspende inscrição de advogados

20/5/2024

Mineiros zoam carioca no trabalho; xenofobia custará R$ 50 mil

20/5/2024

Mulher indenizará colega por mensagem pejorativa em grupo do WhatsApp

20/5/2024

Prefeito é multado por propaganda eleitoral antecipada e uso indevido de IA

20/5/2024

19 de maio: Saiba quem foi Santo Ivo, padroeiro dos advogados

19/5/2024

Artigos Mais Lidos

Da necessidade de cancelamento do enunciado cível 166 do Fonaje

20/5/2024

Mudanças tecnológicas na gestão do patrimônio da união - Portaria 2.849 SPU/MGI

20/5/2024

Reforma do CC: Família e sucessões em evidência

19/5/2024

Aplicação Temas 630 e 684 STF - PIS/Cofins sobre locação bens móveis e imóveis

19/5/2024

Isenção de ICMS na transferência de gado: Uma vitória que o produtor rural não sabia

19/5/2024