Migalhas Quentes

Moraes: “História ensina que impunidade não é opção para pacificação”

Ministro discursou no início da sessão em que STF vai julgar Bolsonaro, e defendeu a atuação da Corte.

2/9/2025

O STF iniciou, nesta terça-feira, 2, o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado. A sessão foi aberta com discurso do ministro Alexandre de Moraes, que ressaltou a importância da responsabilização para a preservação da democracia brasileira.

Moraes destacou que o Brasil chega a 2025 com quase 37 anos da Constituição de 1988 e 40 anos da redemocratização, período marcado por uma democracia consolidada, instituições independentes, economia em crescimento e sociedade civil atuante. “Não foram 37 anos de tranquilidade, mas as balizas constitucionais mostraram-se acertadas e impediram retrocessos”, afirmou.

Segundo o ministro, o julgamento integra o legítimo exercício da competência penal do Supremo, prevista pela Constituição. Ressaltou que, embora trate de um núcleo central dos ataques ao regime democrático, segue o mesmo rito processual e respeito ao devido processo legal aplicado nas demais ações relativas aos atos de 8 de janeiro.

Ele apresentou um balanço das ações já apreciadas: 683 condenações, 11 absolvições, 554 acordos de não persecução penal e 382 processos ainda em andamento.

Moraes lamentou que, mais uma vez na história republicana, o país tenha enfrentado uma tentativa de golpe: “Atentou-se contra a Constituição e contra a própria democracia, pretendendo-se instaurar um estado de exceção e uma ditadura. Mas a sociedade e as instituições mostraram força e resiliência.”

O ministro frisou que a história ensina que “impunidade, omissão e covardia não são opções para pacificação”. Para ele, a verdadeira pacificação depende do respeito à Constituição, da aplicação das leis e do fortalecimento das instituições.

Assista a trecho:

Moraes assegurou que o julgamento será conduzido com imparcialidade: “Havendo prova da inocência ou mesmo dúvida razoável, os réus serão absolvidos. Assim se faz justiça. Esse é o papel do STF: julgar cada caso concreto com independência, ignorando pressões internas ou externas.”

“A história desse STF demonstra que jamais faltou ou jamais faltará coragem aos seus membros para repudiar as agressões contra os inimigos da soberania nacional, da democracia, do Estado de Direito ou da independência do Poder Judiciário. Essa Corte vem e continuará realizando sua missão constitucional.”

Ao final, Moraes também ressaltou a defesa intransigente da soberania nacional.

"A soberania nacional não pode, não deve e jamais será vilipendiada, negociada ou extorquida, pois é um dos fundamentos da República Federativa do Brasil, expressamente previsto no inciso 1º do artigo 1º da CF. O STF sempre será absolutamente inflexível na defesa da soberania nacional em seu compromisso com a democracia, os direitos fundamentais, o Estado de Direito, a independência do Poder Judiciário Nacional e os princípios constitucionais brasileiros."

A fala ocorre em meio ao embate diplomático com os Estados Unidos, que recentemente adotaram medidas contra ministros do STF, como o cancelamento de vistos e sanções pessoais a Alexandre de Moraes.

O ministro destacou que a Corte permanecerá inflexível na proteção da Constituição, da democracia e da independência do Judiciário.

Veja:

Assista à íntegra da fala:

Veja mais no portal
cadastre-se, comente, saiba mais

Leia mais

Migalhas Quentes

STF: Veja como foi o 1º dia de julgamento de Jair Bolsonaro e aliados

2/9/2025
Migalhas Quentes

Se condenado no STF, Bolsonaro pode ir direto para a prisão? Entenda

31/8/2025
Migalhas Quentes

Bolsonaro no STF: Veja por quais crimes ele responde e penas possíveis

30/8/2025

Notícias Mais Lidas

Alcolumbre adia sabatina de Jorge Messias e critica omissão do governo

2/12/2025

STF arquiva ação contra jogador denunciado por manipular partida de jogo

2/12/2025

TRF-1 julgará pedido do MPF para restabelecer prisão de Daniel Vorcaro

2/12/2025

PL Antifacção: Mais de mil promotores manifestam para manter Júri

2/12/2025

STJ recebe lançamento de coletânea em homenagem a Nelson Luiz Pinto

3/12/2025

Artigos Mais Lidos

A força da jurisprudência na Justiça Eleitoral

3/12/2025

Edição gênica e agronegócio: Desafios para patenteabilidade

3/12/2025

Abertura de empresas e a assinatura do contador: Blindagem ou burocracia?

3/12/2025

Como tornar o ambiente digital mais seguro para crianças?

3/12/2025

Recuperações judiciais em alta em 2025: Quando o mercado nos lembra que agir cedo é um ato de sabedoria

3/12/2025