Durante sessão do plenário do STF nesta quarta-feira, 15, que discute a inclusão de conteúdos sobre ideologia de gênero e orientação sexual nas escolas públicas, ministro Flávio Dino defendeu a pluralidade dos arranjos familiares fazendo uma analogia com a Bíblia ao afirmar que as escrituras não descrevem apenas modelos de “famílias tradicionais”.
Na fala, o ministro destacou que, para aqueles que defendem a existência de um único modelo de família tradicional, “bastaria uma leitura atenta das sagradas escrituras para identificar o quão desconforme é esse raciocínio com a realidade”.
De Moisés a Abraão
Dino citou exemplos bíblicos para ilustrar sua argumentação.
“Uma figura icônica da Bíblia, Moisés, era filho adotivo. Outra figura notável das religiões abraâmicas que se encontram no Oriente próximo, que é o próprio Abraão, vivia num arranjo familiar bem diferente daquilo que nós convencionamos chamar de família tradicional”, ressaltou.
S. Exa. acrescentou ainda que Abraão, Sara, Agar, Israel e Ismael formavam uma estrutura familiar múltipla: “Ele vive com Sara, depois volta com Agar, depois volta de novo para Sara, e no meio do caminho ainda vai para o Egito, e Sara é compelida a ter uma relação afetiva com o faraó”.
Ao concluir, destacou a diversidade de formas de convivência e de constituição familiar, reforçando que não existe um único modelo válido de viver ou de se relacionar.
"Quando nós olhamos esses modelos todos, para não falar do novo testamento, nós vamos encontrar uma narrativa, a meu ver, bastante sólida a respaldar a opção constitucional pátria, no sentido de que não existe uma única maneira de se enxergar no mundo e nele viver e se relacionar amorosamente, conjugalmente, com outras pessoas."
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