O ministro do STF Gilmar Mendes foi interrompido nesta quinta-feira, 6, por réu dos atos de 8 de janeiro durante evento realizado em Buenos Aires, na Argentina. O episódio ocorreu durante o Fórum de Buenos Aires, organizado pelo IDP - Instituto de Direito Público, instituição presidida pelo ministro.
Symon Filipe de Castro Albino, que responde a processo no STF por participação na depredação das sedes dos Três Poderes, levantou-se na plateia e dirigiu-se diretamente ao ministro. Identificando-se como “refugiado”, afirmou viver na Argentina e negou envolvimento nos crimes pelos quais é acusado.
“Eu estou há três anos sem ver meus filhos, por um crime que eu não cometi. Não tem provas lá. Muitos cometeram, e aqueles que cometeram têm que pagar, mas eu não cometi”, disse o brasileiro, em discurso que foi ouvido por Gilmar Mendes e pelo público presente. Ele também citou o ministro Alexandre de Moraes, relator dos processos relacionados ao 8 de janeiro, afirmando que “acusa outros de 14 a 17 anos sem nem ter prova de eu ter entrado dentro dos prédios”.
Castro aproveitou o momento para dizer que foi ao evento “para falar que existem pessoas de bem no meio do dia 8 [de janeiro]” e agradeceu por ter sido ouvido. “Sou um dos refugiados aqui na Argentina e te agradeço por me receber e me ouvir. Muito obrigado”, completou.
O homem foi abordado por seguranças, mas não chegou a ser retirado à força. Após concluir sua fala, deixou o auditório escoltado, e o evento prosseguiu normalmente. Nenhum dos palestrantes comentou o episódio.
Symon Castro é réu no STF sob acusação de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, dano qualificado, ameaça contra o patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado. Seu julgamento está previsto para ocorrer em sessão virtual entre os dias 14 e 25 de novembro (AP 2.658).