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A criativo mercado de consumo

quinta-feira, 28 de outubro de 2021

Atualizado às 08:20

Atualmente fala-se bastante em fake news, como se a mentira na sociedade capitalista fosse uma novidade, mas não é.

Não só nas questões que envolvem consumidor e capitalismo, mas em muitas outras como análises econômicas, pesquisas científicas, discursos políticos, promessas de candidatos etc. a falsidade tem sido propagada.

Para piorar o quadro, como se sabe, estamos na época da pós-verdade, o que significa que as pessoas acreditam naquilo que querem acreditar. Isso facilita muito as coisas que envolvem falácias e mentiras, enganações explícitas e outras nem tanto.

De há muito tempo que os consumeristas  descobriram que um dos fundamentos da sociedade capitalista de consumo é a mentira. Alguns setores empresariais  são desonestos na relação com seus clientes. Quem conhece um pouco de história do comércio, da indústria, da economia,  sabe muito bem que os segredos, as artimanhas, os conchavos, os acertos escusos estão na base da produção e distribuição de produtos e serviços.

Transparência não é um termo muito conhecido ou utilizado e está na raiz do sistema de produção, distribuição e venda. Como diria Sócrates que aqui já referi, "mentir é pensar uma coisa e dizer outra". Parafraseando-o, posso dizer que no processo de produção capitalista se faz uma coisa, mas se mostra outra diferente.

E é impressionante ver como há fornecedores que se especializaram em burlar as leis de proteção ao consumidor com o único e exclusivo objetivo de auferir lucro, mas uma espécie de lucro exagerado, sem fim. A ganância é mesmo uma das bases do sistema capitalista contemporâneo. E, atualmente,  os maiores violadores do sistema são exatamente aqueles que não precisariam fazê-lo, pois seus ganhos são por demais excessivos.

Quanto aos consumidores, uma boa parte está tão absorvida pelo mundo do marketing e da publicidade, que não consegue se dar conta do que acontece. Eles vão sendo amaciados pelas imagens, textos e, muitas vezes, têm dificuldade de entender exatamente o que está sendo feito e oferecido.

De fato, os fornecedores fazem esse tipo de trabalho com maestria. Dou um exemplo antigo: o das sacolinhas plásticas que passaram a não ser mais entregues gratuitamente nos supermercados do Estado de São Paulo. Com a desculpa de cuidar do meio ambiente - algo que ninguém pode ser contra - o setor supermercadista conseguiu emplacar a cobrança das sacolas que, como regra, o consumidor utiliza para levar os produtos adquiridos.  E a regra estabelecida vingou:  o consumidor tem que pagar pelas sacolinhas.

E um exemplo atual: empresas produtoras de smartphone que passaram a vender aparelhos sem o carregador, pois seria a favor de um "consumo consciente". Pelo menos nesse caso, o absurdo é tão grande que os órgãos de defesa do consumidor estão agindo contra as fabricantes.