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A Masculinidade Tóxica é um problema?

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

Atualizado às 07:24

Os homens são mais propensos do que as mulheres a responder negativamente, quando desafiam o gênero deles e o uso de termos como "masculinidade tóxica" pode estar ampliando inadvertidamente as divisões de gênero.

Segundo pesquisa publicada em janeiro de 2022, na revista Organizational Behavior and Human Decision Processes, os homens se envolvem em comportamentos desviantes, mais frequentemente do que as mulheres, quando o seu status de gênero é ameaçado. Por exemplo, mentir ou furtar no local de trabalho. Eles tendem a responder negativamente, quando acreditam que a sua masculinidade está em perigo.

É muito difícil definir o que seria masculinidade, mas pesquisas indicam componentes para alguém ser considerado homem: 1) para ser homem, você deve se dissociar de todas as coisas femininas; 2) a masculinidade deve ser conquistada; 3) ela só pode ser confirmada socialmente; e 4) uma vez que a masculinidade seja conquistada, ela pode ser perdida.

É inegável que existe sexismo nesses componentes, principalmente no que se refere a se afastar das coisas que são consideradas femininas. Em regra, é saudável que as pessoas tenham a liberdade para assumir papéis distintos na sociedade. Mais liberdade para que os homens possam viver como quiserem é algo positivo, que podemos buscar, desde que com responsabilidade e cientificidade.

No entanto, são os homens que devem discutir sobre mudanças na masculinidade. As mulheres podem colaborar, mas não impor. Além disso ser controle e manipulação, a imposição gera comportamentos antissociais. Pode aumentar, inclusive, a violência contra a mulher.

Se as mulheres querem homens melhores, elas devem valorizá-los. Se bondade, sensibilidade e fidelidade são qualidades masculinas importantes para as mulheres, elas devem escolher parceiros que as possuem. Mudanças psicológicas são difíceis e requerem anos de conscientização e consultas psiquiátricas, ou psicológicas. E muitas vezes as pessoas não mudam, elas morrem.

Quando outros tipos de homens forem valorizados pelas mulheres, sem o padrão-duplo do "homem pra ficar" e "homem pra casar", eles gradativamente mudarão as posturas sobre a masculinidade. Um dos motivos pelos quais não demonstramos outros traços das nossas personalidades, é porque percebemos que as mulheres não os valorizam, podendo até rejeitá-los.

O que, realmente, não vai acontecer é homens com problemas de caráter melhorarem, por meio de manipulação, controle e uso de termos como "masculinidade tóxica". Esses tipos de homens gostam desse desafio, porque maquiavelicamente moldam a personalidade para conseguir o que querem (como usualmente fazem pessoas com traços narcísiscos negativos).

Microagressões de gênero não tornam os homens melhores. Pioram os homens bons e são prato cheio para os maus. A masculinidade saudável não é nem sexista nem submissa. Ela é humana, diversa e abrange atos empáticos, que podemos encontrar tanto em homens quanto em mulheres.

Se a masculinidade de elite é algo que os homens devem conquistar e manter, nós só nos esforçaremos para sermos diferentes, quando tivermos estímulos positivos. Querem que mudemos a partir de estímulos negativos terríveis e ainda somos menosprezados quando mudamos, perdendo esse status de elite. É óbvio que não vai dar certo.

Homens não melhoram, quando a sua condição de gênero é minada. Eles pioram. Se continuarmos com as estratégias de gênero atuais, adotando tudo o que o mainstream do feminismo faz, iremos aumentar a violência masculina, piorar as condições domésticas e a qualidade de vida de homens, e mulheres. Tudo isso refletirá nas taxas de natalidade, aprofundando ainda mais a crise existencial.