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Porandubas nº 272

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Atualizado às 08:22

Zeca I

Abro a coluna com Zeca Boca de Bacia, que fazia a alegria do povo em Campina Grande/PB. Personagem folclórico, amigos de políticos. Dava assessoria informal a Ronaldo Cunha Lima e a seu filho Cássio, prestes a ganhar o mandato de senador. Quando Zeca abria a boca, a galera caia na risada. Certa vez, numa de suas internações na clínica Santa Clara, em Campina Grande, a enfermeira foi logo perguntando :

- Zeca, qual o seu plano (de saúde) ?

E ele :

- Ficar bom !

Outra vez, Zeca pegou um táxi em Brasília para ir à casa de Ronaldo Cunha Lima. Em frente à casa do poeta, o taxista cobrou R$ 15. Zeca só tinha R$ 10. Sem acordo, disparou :

- Então, amigo, dê cinco reais de ré !

DEM no ralo

O DEM está escorrendo pelo ralo. A última defecção do partido é a do governador Raimundo Colombo, de Santa Catarina. Sai do DEM e carrega bancada de deputados Federais, estaduais e prefeitos. Ali, o comandante da operação migração é Jorge Bornhausen, que tem no filho Paulinho Bornhausen uma semente de renovação.

Bancada cresce

A cada semana, expande-se a bancada do PSD. O partido previa contar, inicialmente, com uns 20 parlamentares. Hoje, a estimativa é de que chegue aos 50. Possui, já, dois governadores, cinco vice-governadores, 40 deputados Federais e uma batelada de deputados estaduais e prefeitos. Poderá, até, não ter tempo de TV e rádio para os embates eleitorais de 2012. Mas, com sua força, deverá atrair partidos menores e criar uma teia de parceiros e, assim, conseguir bons minutos na mídia eleitoral.

A crise tucana

Os tucanos não admitem que o partido esteja vivendo uma crise. Pois bem, este consultor garante : trata-se da maior crise já vivenciada pelo partido desde sua criação nos idos de 88. Sem comando. Sérgio Guerra pode ter sido importante na fase de transição. Hoje, não tem estofo para comandar a sigla. Sem discurso. Fernando Henrique deu ao partido um norte, quando sugeriu que buscasse a classe média emergente. Profundamente rachado em São Paulo. A ala Alckmin devora, a olhos vistos, a ala Serra. As duas bandas não se entendem. Fazem salamaleques em público e dão estocadas nas sombras. Serra, calado. Alckmin, sorridente. E portando a bandeira da vitória. Porque, claro, tem o poder da caneta. Que solta muita tinta.

PT, o mais organizado

É visível o esforço do PT para pôr o bloco nas ruas visando o carnaval eleitoral de 2012. Fazem reuniões em sequência, escolhem áreas prioritárias e secundárias, nomeiam comandantes para as linhas de vanguarda e retaguarda, começam a definir roteiros de parcerias e formam estratégias. Lula será o comandante geral da campanha. Começará a correr o país nas próximas semanas. PT quer eleger cerca de 2 mil prefeitos. Projeto : esticar o mando até 2020.

Apareçam, machistas

Primeiras campanhas com a participação de mulheres. Pequeno município do interior de São Paulo. Conservador, machista. Os homens não admitiam que uma mulher fosse candidata á prefeita. Mas uma corajosa mulher decidiu enfrentar o machismo. Para evitar que ganhasse o pleito, os machões começaram a inventar fantasias sobre a candidata. Líder nas pesquisas, a mulher era um poço de silêncio. Mas a violência verbal era tanta que não aguentou. No comício de encerramento, mandou bala :

- Sei que tem um montão de machos por aí metendo o pau em mim por trás. Quero dizer para esses sacanas que se forem machos de verdade, que venham aqui meter o pau aqui na minha frente !

A multidão foi ao delírio. Foi eleita com grande votação.

Aécio tateia

Aécio Neves, depois do affaire bafômetro, diminuiu alguns centímetros de sua autoconfiança. Percebeu que deve, doravante, calçar as sandálias da humildade e começar a perambular pelo território. A começar por São Paulo. Esteve aqui no palanque de 1º de maio armado pela Força Sindical e mais quatro centrais. Circulou bem. Conversou com Alckmin. Defendeu Kassab e sua iniciativa de criar o PSD. Aécio quer ser o candidato tucano em 2014. Serra, porém, continua com a ideia fixa de pleitear a candidatura.

Centrais e o governo

Essa querela está longe de ser administrada. A CUT quer o fim do imposto sindical. As outras Centrais estão na frente oposta. A Central dos Trabalhadores confia em suas bases e em sua capacidade de sobreviver (e bem) com a contribuição voluntária que poderia ser criada na esfera do sindicalismo. Já as outras Centrais defendem a contribuição compulsória. Interessante é observar que as Centrais mantêm em relação ao governo postura ciclotímica : ora, frequentam a mesa de reuniões com Dilma ; ora, batem de frente no governo. Uma no cravo, outra na ferradura.

Obama, paciente e metódico

Osama Bin Laden estava com os dias contados. Obama, desde a campanha presidencial, prometera capturar o líder da Al-Qaeda vivo ou morto. Defendeu a saída gradativa do Iraque e do Afeganistão e a luta em outras frentes. Tinha razão. E, já no salão oval da Casa Branca, fazia constantes reuniões com a equipe de inteligência. Foi paciente. Monitorava tudo. No dia da decisão, reuniu-se com a cúpula do governo na Sala de Situações. Acompanhou passo a passo uma operação que se desenvolvia a 10 mil km de distância. No domingo, tranquilo, chegou a jogar golfe. Ordenou o ataque. Os militares não tinham tanta certeza de que Osama se encontrava naquela mansão. O risco era grande. O metódico Obama ganhou a batalha. E, seguramente, aplaina os caminhos da reeleição.

Elliot

T. S. Elliot, o poeta, ensinava : "somente aqueles que se arriscam a ir longe sabem até onde podem chegar".

Relato da Paraíba

A coluna pescou este relato de Astier Basílio, que chegou, ontem, à mesa de Zé Nêumanne :

"Cheguei cedo demais à redação do Correio da Paraíba. Resolvi ir ao mercado central, tomar café. Paro em uma barraquinha, a televisão está ligada no Bom Dia Brasil, momento em que Marcos Losekann fala sobre as minúcias da operação que matou Osama. Para o homem que me atende, certamente o dono do local, peço um café com leite - 'mais leite que café por favor' - e um queijo de coalho com pão francês, há um outro que, pela semelhança, julgo ser irmão do proprietário, e que não para de rebater os comentários - ao que à narração da Globo alude a uma ação cirúrgica, o moço arrebenta em comentários dizendo : 'cirúrgica o quê ? Foi um assassinato ! Ele era um terrorista ? Era ! Mas que foi um assassinato, isso foi". Agora vem a parte que lhe interessa. Enquanto tomo o café, o mesmo indignado homem me diz : "é como falou ontem no comentário José Nêumanne Pinto (falou teu nome todo, como se escandisse) : os Estados Unidos não falam dos "milhares" (o número não foi lembrado por Astier) de civis mortos na Guerra do Afeganistão." O homem das ruas faz sua leitura dos acontecimentos. Ainda mais na Paraíba, onde Zé Nêumanne é motivo de orgulho dos paraibanos. E deste seu primo.

Mais Zeca de Campina

Em João Pessoa, num restaurante chique, Zeca pediu um bode assado. O garçom retrucou :

- Desculpe-me, senhor, aqui só servimos frutos do mar.

Zeca emendou sem dar tempo :

- Então me traz uma água de coco.

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Um dia, outro taxista cobrou R$ 20. Zeca, liso, só tinha R$ 10. E pagou.

- Cadê o resto ? - pergunta o taxista.

Zeca não hesita :

- E eu vim sozinho ? Vamos rachar !

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Essa é infame. Quem quiser, pode pular. Já em São Paulo, chamou um táxi. Queria ir à Central da Globo, na avenida Chucri Zaidan. Quando o carro chegou, ele se espantou : uma mulher no volante. Gentilmente, ela perguntou :

- O senhor quer que eu pegue o minhocão ? (Elevado Costa e Silva, construído na época do prefeito Maluf, que atravessa o centro da cidade).

Zeca disparou :

- Só se a senhora souber dirigir com uma mão... e for baixando as calças...!

E o compromisso em cartório ?

Serra nem pensa em se recandidatar a prefeito de São Paulo. Afinal, na campanha que ganhou para prefeito, fez um compromisso e registrou em cartório, negando-se a deixar a prefeitura no meio do mandato. Saiu no meio do mandato e se candidatou ao governo do Estado. Ganhou o pleito. Hoje, me perguntam : e se ele fizer a mesma coisa ? Respondo : política e políticos estão tão desmoralizados que promessas não valem nada. Ademais, em São Paulo, há um componente que precisa ser devidamente avaliado : a rixa histórica entre PSDB e PT é tão contundente que deixa outras questões no plano do detalhe. Os eleitores tendem a esquecer promessas e compromissos e olham para as circunstâncias do momento.

Skaf e Chalita no PMDB

Paulo Skaf sairá do PSB e migrará para o PMDB. Já acertou a entrada com o vice-presidente da República, Michel Temer, e o líder do PMDB na Câmara, Henrique Alves. Entrará de maneira discreta. Já o deputado Gabriel Chalita (PSB) será recebido em festa programada para dia 28 de maio. Ambos gostariam de ser candidatos à prefeito de São Paulo pela legenda.

Moldura paulistana

A eleição para prefeito de São Paulo será emblemática. Porque São Paulo é um laboratório avançado do Brasil. Reúne as maiores classes médias, o maior contingente laboral, a maior força do PIB, as maiores pressões sociais, etc. São Paulo é a cara do país. Tem todo tipo de eleitor. E gostos variados. Minha leitura :

- Há uma rixa histórica entre PSDB e PT.

- O PT agrega tradicionalmente 30% dos votos da metrópole.

- Mas as classes médias, sob a tuba da mídia, conservam certo gelo/ojeriza em relação ao petismo. E acabam dando o tom.

- Lula nunca tentou andar pelo meio. Sempre quis a sopa pelas bordas.

- Dilma se diferencia e cria polos de simpatia no meio.

- FHC, Serra e Alckmin são as referências contra o PT.

- Mas o prestígio tucano está em descenso.

- PT poderá, sim, vir a crescer.

- Um novo nome do PT pode criar impacto.

- Um novo nome do PMDB, idem.

- Kassab será eleitor importante no processo.

- Serra, se não for candidato, também será eleitor central.

- Definição: Produto Nacional Bruto da Felicidade (em alta, média ou baixa).

- PNBF alto : ganha candidatura do PT.

- PNBF baixo : candidato do sistema tucano.

CLT, 68 anos

A Consolidação das Leis do Trabalho completou, dia 1º de maio, 68 anos de idade. Filha da Carta de 1937, passou incólume pelas Constituições de 1946, 1967 e 1988. São 922 artigos que regulam praticamente todas as relações individuais e coletivas de trabalho. Careceria uma revisão.

7 em 10

Sete em dez empresários sofrem com a falta de qualificação profissional. Para cada R$ 100 gastos com seguro-desemprego, o governo Federal despende só R$ 1 em programas de qualificação de mão de obra.

Perguntinhas básicas

1. Aécio - Aécio teria no futuro um bafômetro contra ele ? Resposta : sim. Vão utilizar o bafômetro como instrumento para desmontar a vida pessoal de Aécio. Mas ele poderá dar a volta pelos lados.

2. Serra - Serra vai mesmo se candidatar à prefeito de SP em 2012 ? Resposta : possivelmente. Político bom usa a régua para frente e para trás. Ele deve recomeçar. Do zero ? Não. Do 50 na régua de 100 pontos. Pode se eleger novamente prefeito de SP. E recomeçar a trajetória. Esperar sem nada até 2014 ? Muito arriscado. Viraria vapor.

3. Lula/Dilma - Lula será candidato novamente nem 2014 ? Depende. Economia bombando, Produto Nacional Bruto da Felicidade em expansão : Dilma candidata à reeleição com alta chance de vitória. Contrário : Lula voltaria ao palanque. Usando o último estoque de carisma.

Calo apertado

Inflação é maior ameaça ao governo Dilma. Se cair na faixa dos 8% a 9% será um deus-nos-acuda. Mantega pegaria o chapéu, Palocci assumiria no lugar e o resto, SDS : Só Deus Sabe.

Conselho aos partidos

Esta coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos a políticos, governantes e líderes nacionais. Na última coluna, o espaço foi destinado aos tucanos. Hoje, sua atenção se volta aos partidos :

1. Comecem a fazer imediatamente o Planejamento Estratégico da Campanha de 2012.

2. Tracem estratégias, táticas e ações visando trabalho em :

a. Municípios com população em torno de 300 mil habitantes;

b. Municípios com população de 200 mil habitantes;

c. Municípios com população de 100 mil habitantes;

d. Municípios com população de 50 mil habitantes.

3. Estabeleçam discursos adequados, reunindo temáticas gerais, regionais e locais.

4. Organizem/selecionem prioridades para parcerias entre partidos naqueles espaços.

5. Estabeleçam programa de ações táticas para os próximos meses.

6. Definam comandos/equipes/lideranças para coordenar programas, projetos e ações.

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