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Porandubas nº 53

quarta-feira, 17 de maio de 2006

Atualizado em 16 de maio de 2006 16:38

 

ESTADO DE GUERRA CIVIL

É evidente que não há clima de guerra civil no país. Porém, o estado caótico em que se encontra São Paulo dá a entender que um "clima de guerra" paira sobre a sociedade. O quarto poder, o poder das gangues contra o primeiro poder, o poder do Estado. A situação por que passa o maior Estado da Federação merece uma boa reflexão. Constatações óbvias: 1. a falência do Poder Público para combater a violência; 2. a organização das gangues e bandidagem; 3. a arrogância das autoridades do Executivo paulista, que se negam a receber ajuda do governo federal; 4. a ampliação da insegurança e, conseqüentemente, do PNBinf (Produto Nacional Bruto da Infelicidade).

TEMA DE CAMPANHA

Se a campanha já continha um tema mais que evidente - corrupção - agora ganha outro de igual destaque : a criminalidade, a violência, o poder invisível. Mas não vingará a intenção de algum candidato/partido em querer ser dono exclusivo da temática. A sociedade sabe que, nesse momento de medo, os oportunistas chovem nas janelas de TV e rádio.

ATAQUES IMPRESSIONANTES

A estratégia atribuída ao PCC, de atacar núcleos vitais como escolas, o sistema de transporte e bancos, remete à inferência de que há uma "intelligentzia" por trás da violência que se abateu sobre São Paulo, com extensão em mais alguns Estados. A dedução leva em conta a "ideologização" do movimento, na esteira da impunidade aos políticos corruptos e pegos com a mão na botija. Portanto, haveria alguma ligação com a insatisfação social.

NOVO CARANDIRU

Comentário que se escutava em diversos ambientes: "São Paulo está precisando de um novo Carandiru!". É duro de ouvir.

DIREITOS HUMANOS NAS CADEIAS

Daniela Mercury, ao final do show em homenagem ao Dia das Mães, no Ibirapuera, domingo, depois de ouvir o mestre de cerimônia, Serginho Groisman, lembrar do momento difícil que a cidade atravessava: "vamos lutar pelos Direitos Humanos nas cadeias". Também é duro de ouvir.

"DIREITO DOS MANOS" NAS RUAS

E por falar em Direitos Humanos, o que a galera está querendo mesmo é o "Direito dos Manos". É o que se diz por aí.

MORAL DA HISTÓRIA

Uma cidade que é sinônimo de trabalho não merece passar pela calamidade de não saber como será o dia de amanhã. Gente digna e honesta, refém do pânico, com medo de andar nas ruas, de permanecer no serviço, cumprir as tarefas do dia-a-dia.

A CONVENÇÃO DO PMDB

Não surpreendeu a vitória dos governistas na Convenção, dia 13, que derrubou a candidatura própria do partido à presidência da República. Surpreendente foi a vitória por apenas 48 votos. Ou seja, com 25 votos puxados, as oposições podem reverter a decisão na convenção, essa definitiva, do dia 11 de junho. Mas, em se tratando de PMDB, tudo pode ocorrer : não haver convenção em decorrência de liminares interpostas; haver convenção com apenas uma banda do partido; haver convenção com nova vitória dos governistas; haver convenção com vitória dos oposicionistas. Tudo vai depender do quadro político. Se Lula mantiver os índices de hoje, cerca de 40% das intenções de voto, adeus à candidatura própria.

GAROTINHO SERELEPE

Quem ouviu o discurso de Garotinho, menos gordo 8 quilos, na Convenção do PMDB deve ter ficado fã da "greve de fome" a que se submeteu o marido da governadora Rosinha. Estava lépido.

ITAMAR NA DÚVIDA

Itamar "Cheio de Dúvidas" Franco continua sem saber o que fará. Não sabe se espera pela decisão do PMDB, dia 11 de junho. Não sabe se fechará posição com o PT para apoiar Lula. Não sabe se será candidato do PMDB ao Senado, por Minas Gerais, com o apoio de Aécio Neves. Nesse caso, teria de apoiar Geraldo Alckmin. Itamar não sabe como pentear o topete.

VEM PESQUISA POR AÍ

Mais uma rodada de pesquisas virá à tona. Sem grandes alterações no quadro. Nem Evo Morales conseguiu baixar a "moral" de Lula. Lula se aproveitou da crise com a Bolívia para tirar, mais uma vez, proveito : disse que o preço do gás não vai aumentar.

KASSAB "KALADO"

O prefeito Gilberto Kassab está menos do que monossilábico. Está rouco de tanto calar. Aparece sempre andando, balançando os braços de um lado para outro, acompanhando o governador Lembo. Em completo silêncio. Parece querer ficar oculto.

SOBRANCELHAS AGRESSIVAS

Com alguns milímetros a mais, as sobrancelhas do governador Cláudio Lembro furarão os olhos do interlocutor mais próximo. Quem disse que ele não manja coisas como marketing, imagem, estética etc ? É um logotipo ambulante. Duas gigantescas sobrancelhas circulando sobre uma cara meio assombrada.

E SERRA, HEIN, OLHANDO DE CIMA DA MONTANHA

O ex-prefeito José Serra, candidato favorito ao governo de São Paulo, está feliz da vida. Trabalhando menos, falando menos, cobrando menos de seus assessores e olhando mais a cena política. Serra está no alto de uma montanha de intenções de votos. Deve ter cuidado. Aloísio Mercadante é preparado, luta na mesma arena dele, domina a ferramenta do economês, e passa a impressão de um petista, digamos, mais asséptico.

VEJA E OS DÓLARES DE LULA

A revista Veja foi corajosa em veicular a reportagem sobre os dólares de Lula numa conta no exterior. Passou meses investigando o tema. Ouviu muita gente. Mas o depoimento de Daniel Dantas não foi convincente. Para Diogo Mainardi, deu indícios da aproximação do PT com segundas, terceiras e quartas intenções. Numa entrevista para a Folha de S.Paulo, foi menos taxativo. Dantas pode ter muita munição. A Veja não publicaria a matéria na forma como fez se não soubesse mais, muito mais. Vamos aguardar.

UM NOME DE RESPEITO

Antônio Fernando de Souza, procurador-geral da República, que denunciou uma organização criminosa a serviço de um partido político.

QUEIMA DE ÔNIBUS E OS NEGÓCIOS

Os cerca de 50 ônibus queimados significaram um bom negócio para o PCC. Parcela da estrutura de transporte por vans na capital é dominada pelo grupo. Se um terço da frota paulistana (5.100 veículos) deixou de circular, o transporte alternativo subiu a montanha.

MISSÃO BANDIDA

Parte dos 12 mil presos que receberam indulto, por ocasião do Dia das Mães, recebeu a missão de atacar ou ser castigado na volta para a prisão. Alguns cumpriram a missão do PCC. E morreram no confronto com a Polícia.

HOMENAGEM AOS POLICIAIS MORTOS

Todo o respeito aos policiais mortos. Na história do confronto com a bandidagem, páginas tristes : salários parcos, vida franciscana, falta de equipamentos, desentrosamento entre as Polícias, ausência de motivação. O consolo : o amor da família. Deixam para o futuro órfãos sem esperança.

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