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Porandubas nº 80

sexta-feira, 5 de janeiro de 2007

Atualizado em 4 de janeiro de 2007 16:24


LULA 2

O segundo mandato de Lula começa sob o signo de grandes promessas. Nos dois discursos pronunciados, Luiz Inácio for fértil no diagnóstico e farto nas promessas. Reformas política, tributária, expansão da rede social, políticas especiais de segurança pública, revolução no ensino básico. Foi o discurso mais generoso do presidente de todo o ciclo governativo. Mas não adiantou como irá fazer as coisas. Não citou uma meta quantitativa, nem mesmo o prometido crescimento de 5% ao ano. Lula ainda não tem um projeto de desenvolvimento para o país. Esperemos pelas medidas que farão o choque de gestão, anunciadas para breve.

CABRAL, A ESTRELA SUBIRÁ ?

Sérgio Cabral começou apertando a bandidagem. Pediu forças federais. A questão é saber o que farão, onde ficarão, como trabalharão. Se ficarem apenas na fronteira do Rio de Janeiro, terão pouco trabalho. O Rio de Janeiro carece mesmo é de uma operação blitzkrieg, com uma ampla ação nos morros, identificação das gangues de drogas (é muito fácil identificá-las), trabalho conjunto com a comunidade, policiamento fortemente preventivo e ostensivo, integração das Polícias Civil e Militar, enfim, um banho de segurança nas ruas e nas favelas. De promessa farta, o povo está saturado. Se Cabral conseguir diminuir os índices de violência, subirá como estrela da nova geração de governadores. A recíproca é verdadeira.

SERRA APERTA OS CALOS

José Serra começa o governo fazendo a mesma coisa que implantou na Prefeitura paulistana nos primeiros dias de 2004. Suspendeu os contratos, para revisá-los, chamando empresários e obrigando-os a aceitar redução de custos. Com a corda no pescoço, muitos aceitaram as novas regras. Serra parece crer que os contratos são superfaturados. E que a mão forte do governo tem condições de mostrar caminhos mais estreitos ao empresariado. Na época da Prefeitura, pequenas empresas foram pro brejo. Vamos ver o que ocorrerá com as prestadoras de serviço do Estado.

YEDA SEM IMPOSTOS

A tucana que governará o RS tem pela frente um dos maiores desafios da atual safra de governadores: colocar as contas do Estado em dia. Crusius tentou aumentar impostos, mas o PFL, que lhe deu apoio, foi contra. A governadora partiu para a fórmula que seguramente será adotada pela grande maioria dos 27 governantes estaduais: cortar gastos. O PSDB levou a melhor no RS e terá uma boa oportunidade de comprovar que será melhor que o PT e o PMDB, os partidos que governaram o RS nos últimos 12 anos.

ARLINDO E ALDO

Arlindo Chinaglia, o deputado petista, foi ágil. Levou uma cartinha cheia de promessas para que o presidente do PMDB, Michel Temer, a apresentasse ao conjunto de 89 parlamentares da bancada. A promessa é a de rodízio, ou seja, o PMDB, depois do PT, receberia o apoio deste para a presidência da Câmara. Michel gostou e passou a fazer sondagens. Mas Aldo Rebelo, depois do susto, convidou o presidente do PMDB para uma conversa e prometeu a mesma coisa. O PMDB, nos próximos dias, por voto direto da bancada, decidirá a quem apoiar. É claro que, no jogo, entra o número de ministérios e cargos na mesa diretora da Câmara. A tendência, hoje, está mais para Chinaglia. Mas o grande eleitor chama-se, ao final, Luiz Inácio.

MINISTERIÁVEIS

Há muitos ministeriáveis com a barba de molho. Não sabe se serão convidados e os que são ministros, com exceção de dois a três, têm dúvidas se permanecerão no cargo ou no mesmo cargo. Lula quer fazer um Ministério mais técnico, nem que muitas Pastas sejam entregues a partidos. Por exemplo, um Delfim Netto, que perdeu a eleição de deputado, pode ser convidado para um cargo ministerial na cota de seu partido, o PMDB. Fala-se, ainda, em Luciano Coutinho, que tem vinculação histórica com este partido. A questão é encontrar perfis técnicos com bom trânsito nos partidos. Haverá político brigando por cargos, ah, ninguém tem dúvidas.

BANCOS DE MARIA, ANTÔNIO, ZÉ, QUE BESTEIROL

A maior marca de banco no Brasil é a do Banco do Brasil. Que significa potência, segurança, conceito, história, tradição, proximidade com o povo etc. O Banco do Brasil é o cartão de visita do Estado brasileiro. Agora, substituir essa fortíssima marca por Banco de Antônio, Banco de Joaquim, Banco de Zé é mais que burrice : é fazer demagogia à toa. Essa idéia de jerico saiu de uma agência de publicidade. Que nem merece citação. Mas deveria ganhar o Prêmio MANÉ-BURRÃO de incontinência mental.

SÓ NO BRASIL

Pois é, só mesmo no Brasil a beleza dos fogos de artifício é surrupiada. Foi o que se viu em João Pessoa, na Paraíba, onde malandrinhos roubaram o estoque de fogos que iriam iluminar o início do Ano Novo. Em vez de lágrimas correndo nos céus, o que se viu foi muita frustração. O que diabo os ladrões iriam fazer com a montanha de fogos? Dizem que, depois da besteira feita, sem saída, jogaram os fogos no mar. Barbaridade.

ALCKMIN VAI ESTUDAR

Nada mais interessante para um ex-candidato derrotado à presidência da República do que um cursinho no exterior. Sai da frente da política, afasta-se das pressões, medita sobre o futuro, vê o país de longe com outros olhos, e tem tempo para pensar no que fazer doravante. Geraldo Alckmin terá essa moldura pela frente. E certamente é um fortíssimo candidato a prefeito de São Paulo. Que ninguém duvide.

LULA NO CENTRO DA CENA

O presidente Lula estará no centro da cena política em seu segundo mandato. Por isso, a articulação com parlamentares deverá também passar por ele, ao contrário do que ocorreu nos últimos quatro anos. Lula quer ver olho no olho. Desconfia de quem dá tapinha nas costas e, ao mesmo tempo, pisca o olho.

BERZOINI VOLTA

Ao retomar o comando do PT, depois de estar no centro das investigações sobre o famoso dossiê para comprometer tucanos, o deputado Ricardo Berzoini é a maior prova de que um mês é suficiente para os escândalos brasileiros entrarem no baú do esquecimento. Daqui a pouco, todos os envolvidos serão inocentados e a culpa, a culpa? Ora, a culpa será de quem mesmo? Não há culpados, pois ninguém se lembrará mais dos episódios.

CARTADA FINAL

Se o PMDB concluir que o embate entre Aldo Rebelo e Arlindo Chinaglia resultar num zero a zero, ou seja, em empate, poderá querer desempatar com um nome peemedebista à presidência da Câmara. Tudo é possível no jogo político. Quem se esforça para tanto é o ex-ministro Eunício Oliveira, do PMDB cearense, que já foi líder do partido.

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