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Porandubas nº 803

quarta-feira, 12 de abril de 2023

Atualizado às 07:39

A piada é antiga, mas ainda risível nesses tempos em que a China dá demonstrações de força e poder. Acaba de fazer operação de guerra na região de Taiwan, mostrando poderio.

Argentina x China

A Argentina declara guerra à China! Comoção geral. Após consulta popular feita na "Plaza de Mayo", a Argentina enviou uma mensagem à República Popular da China:

- Chinos de mierda, maricones: les declaramos "guierra": - tenemos 105 tanques, 47 aviones sanos, 4 barcos que navegan y 5.221 soldados.

O governo chinês deu a resposta:

- Aceitamos a declaração. Informamos que temos 100.000 tanques, 50.000 aviões, 1.500 navios e 400 milhões de soldados.

Orgulhosos, os argentinos retrucam:

- Retiramos la declaración de guierra... No tenemos como alojar tantos prisioneros.

Hora de trabalhar!

Começo com o poeta Ascenso Ferreira, um dos gênios de Pernambuco, que cunhou o verso: "Hora de comer, comer! Hora de dormir, dormir! Hora de vadiar, vadiar! Hora de trabalhar, pernas pro ar que ninguém é de ferro!". Pois é, senhor presidente Lula. Hora de trabalhar, sem pernas pro ar. Não dá mais para postergar. Não perder tempo com mudanças em programas considerados positivos, de autoria de gestões anteriores. Não perder tempo com diatribes ideológicas. Não perder tempo com elogios em causa própria, um vitupério, segundo nossas avós. Não perder tempo em apontar antecessores como culpados. A hora é de trabalhar. Já se foram os 100 dias de governo.

O gosto pelo instantâneo

O Brasil cultiva o gosto pelo instantâneo, pelo provisório. Prefere-se, por aqui, administrar o varejo e não o atacado. É mais vantajoso apagar incêndios que preveni-los. Coisas planejadas com muita antecedência parecem não combinar com a alma lúdica brasileira, brincalhona, irreverente. Se não fosse obrigado a enfrentar o batente para sobreviver, o brasileiro adoraria passar o ano inteiro na folia. Oswald de Andrade traduziu, um dia, tal estado de espírito ao versejar: "quando dá uma vontade louca de trabalhar, eu sento quietinho num canto, e espero a vontade passar".

Na volta da China

Ouve-se, aqui e ali, Lula vai fazer isso e aquilo. Depois de voltar da China. Lula vai fazer lives semanais. Após visita à China. Lula vai cobrar ações de seus ministros. Depois de conversar com Xi Jiping. Até parece que Lula estará reiniciando seu governo, após o tour pela China. Não há tempo a perder, Excelência. Não se perca no labirinto de firulas. Não se enrole na linguagem de palanque. Não gaste precioso tempo execrando Bolsonaro. Não continue a enxergar golpismo no ex-presidente Michel Temer. Afinal, o STF, com o então presidente na época, Ricardo Lewandowski, presidiu o processo de impeachment. Estaria ele mancomunado com "golpistas"? Lula, seja o presidente de todos os brasileiros.

O retrovisor

Governar com os olhos no passado é perder a visão da realidade. O hoje é diferente do ontem. E o amanhã carece de um olhar estratégico, que contemple as circunstâncias que norteiam a caminhada de um país. Lula tem dito que não quer um país com Lula de novo. Mas um governo novo para o país. Capaz de consertar os buracos da gestão Bolsonaro. Capaz de resgatar confiança. Nesse sentido, Luiz Inácio precisa dar o exemplo e evitar o discurso de palanque.

Estado Maior

O presidente está com o pé no freio do caminhão das privatizações. Quer dar um basta ao programa de privatização que já se iniciara no país. Lula acredita no Estado forte, cheio de empresas, mesmo aquelas deficitárias. Trata-se de uma crença irremovível. Sendo assim, é possível, até, que ele lidere a volta do sistema Eletrobrás ao colo do Estado. Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, fará o contraponto, com seu programa de privatização da Sabesp e adjacências. O tema estará na ordem do dia.

Sonho de noites de outono

Lula ganhando o Prêmio Nobel da Paz? Sonho de outono. Qual a proposta de Lula? Paz entre a Ucrânia e a Rússia? Paz com um pedaço da Ucrânia anexado à Rússia? O presidente Volodymyr Zelensky já proclamou: nem a pau, Juvenal. Mas o chanceler ad hoc para esta questão, Celso Amorim, esteve em Moscou, sentou-se do outro lado da mesa quilométrica de Putin, no Kremlin, e até iniciou a conversa em português, levando o todo-poderoso da Rússia a sorrir. Amorim ficou na proposta genérica e abstrata. Nada de concreto. O Prêmio Nobel da Paz passa longe do Palácio do Planalto. Mas, convenhamos, seria o sonho dos sonhos.

12 anos

José Dirceu é bom de bola. Emplacou seu filho, Zeca Dirceu, como novo líder do PT na Câmara Federal. E dá uma entrevista pregando um ciclo de 12 anos para viabilizar as propostas do Partido. Um mandato simples de Lula seria pouco. Tem inteira razão. Sabendo-se da complexidade de realizar um programa substantivo por parte da gestão Federal, Zé Dirceu vai direto ao assunto: 12 anos. O mínimo. Ora, quem vai amparar essa proposta é o dinheiro no bolso dos brasileiros. A dona Economia. Se tudo for favorável e o bolso dos conterrâneos abrigar um "rico dinheirinho" para as compras, o índice de felicidade aumentará e dois mandatos a mais poderão ser conquistados. Bolso, Barriga, Coração, Cabeça: BO+BA+CO+CA.

Polarização

O berro está quase chegando às cordas vocais: "parem de radicalismos, guardem as peixeiras". Ninguém aguenta mais a polarização entre as duas alas, o nós e eles. Quem virá pelo meio? Quem, quem, quem?

Trump, o ícone da malandragem

Donald Trump é o primeiro ex-presidente norte-americano carimbado com o rótulo: incriminado, réu. E vejam quanta maluquice: ganhou uns pontinhos no índice positivo das pesquisas sobre os candidatos republicanos para a campanha de 2024. O republicano DeSantis, ex-aliado, hoje desponta como principal concorrente de Trump na disputa pela candidatura republicana para a eleição presidencial do ano que vem. Segundo pesquisa divulgada semana passada, o ex-presidente tem apoio de 54% dos eleitores republicanos para as primárias, contra 24% do rival que, apesar da retórica mais polida, é tão conservador quanto o antigo mandatário. Trump, na condição de indiciado, já arrecadou US$ 10 milhões.

O líder e a multidão

Sergei Tchakhotine, cientista social russo, em seu livro Mistificação das Massas pela Propaganda Política: "Entre os homens primitivos, o líder é, a princípio, um chefe religioso que a multidão acompanha cegamente. Mesmo os chefes militares se apóiam na autoridade do sacerdote. Os homens e não somente os povos primitivos procuram no chefe o herói, outorgado pelo destino, para livrá-los do mal. Assim, a multidão e o líder são duas noções complementares: não há multidão sem líder."

Líderes e êxtase

Os líderes se deixam acompanhar de um grupo coerente de seus acólitos mais fiéis, de fanáticos, previamente superexcitados, que formarão como que o núcleo em torno do qual as multidões que eles despertam virão naturalmente condensar-se. Esses grupos de exaltados propagam seu entusiasmo ou seu nervosismo. A embriaguez desses intoxicados psíquicos ganha os mais próximos e se estende como o incêndio na floresta.

O Butão

Pinço de um texto de Betina Ferraz, diretora do Deutsche Bank: ...O Butão, no sul da Ásia, país com menos de um milhão de habitantes, é o território com maior índice de Felicidade Interna Bruta... Não há um semáforo no país... 70% do território é coberto por florestas... É onde existe índice negativo de emissões de gás carbono negativas... Exemplo de ESG - gestão ambiental, social e governança... toda a política é pautada pela felicidade da Nação.