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Porandubas nº 809

quarta-feira, 21 de junho de 2023

Atualizado às 08:06

Abro a coluna com o desembargador Deoclides Mourão.

Não sei por onde começar

Século passado. O desembargador Deoclides Mourão, tio do poeta Gerardo Mello Mourão, fez acordo com Urbano Santos para governador do Maranhão. Eleito, Urbano não cumpriu nada. Deoclides Mourão mandou-lhe uma carta:

- Senhor governador, diz o povo que o homem se pega pela palavra, o boi pelo chifre e a vaca pelo rabo. Supondo não ter V. Exa. nenhum desses acessórios, não sei por onde começar.

As mídias digitais

Tentaremos, na coluna de hoje, mostrar a importância das mídias digitais no universo da política.

Ampliação da audiência

O acesso à Internet abriga cerca de 150 milhões de pessoas no país. Talvez até mais, considerando o pacote de meios, computadores, celulares, consoles de jogos, TV digital, as plataformas digitais da rede - Twitter, Facebook, Instagram, LinkedIn etc. O Brasil está entre os cinco maiores usuários mundiais das redes. O fato é que saímos do mundo analógico para adentrar o universo digital. Significa que o cidadão-político aumenta sua participação na esfera da política e de suas manifestações. O que isso provoca?

Bombardeio informativo

O bombardeio informativo é inevitável. Mas a vertente interpretativo-opinativa é o perigo. Pois uma escalada de opiniões, versões, meias verdades, pirotecnia informativa tende a entupir os sistemas cognitivos das pessoas, o que as joga no caminho da desinformação, da desestruturação de mensagens, do jogo falso das ideias. De tanta repetição, verdades acabam se transformando em mentiras. E, desse modo, passamos a viver em um mundo de ilusões.

Tem ainda a IA

E, para confundir, vem sendo acionada com força a Inteligência Artificial, com a qual tive o prazer de me encontrar em uma ligeira troca de ideias. Sabem o que aconteceu? Fui bater nas Filipinas, onde a IA localizou um consultor e escritor Gaudêncio Torquato, com uma batelada de informações sobre o verdadeiro Gaudêncio, este escriba nascido em Luis Gomes, RN, Brasil.

A política

Propus que ela me levasse aos jardins de Platão, pois eu queria manter um diálogo com o mestre. Resposta frustrante: não posso lhe ajudar. Não tenho poder para transportar pessoas para o passado ou para o futuro. O que posso fazer é lhe oferecer informações sobre o pensamento de Plato (assim mesmo) e expor o que pensava. Aceitei e engatilhamos a conversa.

Nos tempos de Platão

Qual a diferença ou semelhança entre os tempos de Platão e os dias de hoje sobre os caminhos da corrupção? Sem grandes diferenças. Ontem, como na atualidade, os políticos olhavam para seus interesses, deixando de cumprir os deveres para com o bem comum. E dizia que os verdadeiros estadistas devem ser motivados pelo desejo de servir por uma profunda compreensão de Justiça. Relapsos. Corruptos existem em todos os tempos.

III Guerra

Indaguei da senhora, equipada de artificial inteligência, como ela própria lembrou, se corremos o risco de vivenciar uma III Guerra Mundial. Mais uma vez, foi peremptória: não tem acesso a informações que garantam essa probabilidade e não tem capacidade de prever o futuro, demonstrando modéstia e extrema sinceridade. Porém, faz a ressalva de que é possível trabalhar para soluções pacíficas e administrar conflitos internacionais, usando, para tanto, as ferramentas da diplomacia e da cooperação entre as Nações. Ou seja, a interlocutora, ao apregoar essa abordagem abre fresta para a possibilidade de ocorrência de um evento adjetivado como "catastrófico". E dá ênfase: temos de estar cientes dos riscos potenciais e tomar medidas para mitigá-los.

Fui parar nas Filipinas

No terreno do conhecimento sobre este figurante, a gentil madame pisou em falso. Fui parar nas Filipinas, na figura de um consultor político. Ocorre que a teia informativa que abrigava o filipino encaixava-se plenamente em minha trajetória. Por isso, reagi: não, quero saber sobre o fulano de tal, natural de Luis Gomes, RN, Brasil. Imediatamente, ela pediu desculpas, reconheceu que se confundiu e passou um esboço, com mais informações, incluindo as tarefas de escriba, que acompanham minha trajetória. Usou outras palavras, mas o conteúdo foi praticamente o mesmo.

O ChatGPT 4

Lera, dias atrás, sobre o ChatGPT 4, mais avançado, que tratava da descrição de uma situação para que a IA, a partir do texto, criasse a imagem correspondente. Ao confirmar a novidade, um amigo mandou os impressionantes desenhos que recebeu de suas descrições: gatos brancos, de olhos amarelados; gatos pretos, de olhos esverdeados; um gato na praia chuvosa usando guarda-chuva e fotos de nossos ancestrais. Desenhos que impressionam pela singularidade dos quadros. Tenho poucas incertezas, entre elas, a de que a IA, mesmo com sua ligeireza para alinhavar trilhões de referências e encaminhar em segundos respostas aos perguntadores, não será capaz de se esquivar do cérebro humano.

Tendências

O fato é que o futuro chegou apressado. Os algoritmos nos cercam, fazendo pressão sobre o modo como vivemos. Da alimentação à roupa, do carro à política, um novo mundo nos espera. A política será devassada. Cortes, versões e falsidade estarão no nosso cotidiano, fustigando nossa maneira de pensar. A seletividade será maior. Os escândalos, escancarados. Os bons serão apontados junto aos ruins. O eleitor que faça sua seleção.

  • II parte

Raspando o tacho

- O governo Lula ganha reconhecimento. Melhor avaliação.

- Políticos da CPMI que investigam o 8 de janeiro adquirem maior visibilidade. O que resultará do espetáculo?

- O vice Geraldo Alckmin é a peça do jogo alternativo no tabuleiro de 2026.

- A curiosidade não tem tamanho: pagam 1,2 milhão para entrar num mini-submarino, mergulham em busca do Titanic, fundeado a 4.000 metros, assinam um documento sobre risco de vida e partem para o desconhecido. Bilionários e adjacentes.

- Os trabalhadores, antes mobilizados pelas Centrais Sindicais, vivem dias de jejum grevista.

- As classes médias estão no aguardo de programas que melhorem suas vidas.

- Um nome em evidência: Jean-Paul Prates, presidente da Petrobras, que vislumbra amplos horizontes na política. Cara preparado.

- Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, deve abrir a boca e dar suas razões para segurar os juros altos.

- O inverno, que começa esta semana, será menos frio que os anteriores. O fenômeno El Nino tem a ver com isso.

- Recursos do PIS/Pasep 'esquecidos' serão transferidos ao Tesouro até 20 de agosto; trabalhadores têm até cinco anos para resgatar. PEC da Transição autorizou transferência dos recursos aos cofres públicos para uso com investimentos, fora do limite de gastos. Segundo governo, 10 milhões de trabalhadores têm R$ 24,6 bilhões em recursos não resgatados do programa.

Fecho a coluna com a política.

Ninguém tem provas

Numa festa, a dona de casa recebe um político famoso.

- Muito prazer! - diz ele.

- O prazer é meu! Saiba que já ouvi muito falar do senhor!

- É possível, minha senhora, mas ninguém tem provas!