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Todo advogado é um escritor!

Vários abrem mão dessa poderosa ferramenta de comunicação que é escrever artigos e/ou gravar vídeos, dizendo que não têm o talento necessário para tanto.

quarta-feira, 14 de julho de 2021

Atualizado às 11:07

(Imagem: Divulgação)

Amigo advogado, quantas petições você escreve por ano. Se você cuida de 50 processos em sua advocacia, nada do outro mundo, estamos falando de uma média (entre iniciais, recursos, contestações, memoriais, etc) de 20 páginas por processo por ano.

Essa é uma média modesta, ok. Pois bem, 20 páginas por ano, em média, em 50 processos, são 1000 páginas. Sim, amigo, você escreve 1000 páginas por ano. Um livro, dos grandes, muitas vezes dividido em dois volumes.

"Eu sei, Paulo, mas eu tenho vergonha de me expor ao público." Como assim, Colega? Você, em sua trabalho escreve para convencer um público qualificadíssimo, Juízes e Desembargadores, que seu cliente tem a razão; por que razão você teria medo de se expor a leigos em Direito?

Escrevo bastante, todos os dias, para um público pequeno e qualificadíssimo: Advogados, Procuradores, Juízes e Desembargadores e, várias e várias vezes os convenço que meu cliente tem razão. Por qual razão eu deveria ter "medo" do que o Zé das Couves pensa do meu texto.

Nada contra o Zé das Couves, ou contra o homem comum, ok. Mas se conseguimos convencer nossos pares, profissionais muitas mais qualificados que nós mesmos, por que devemos nos deixar intimidar por pessoas que não tem o nosso saber jurídico.

Tenho poucos leitores - Bobagem, amigos. Quantidade não é qualidade

Alguns advogados não se motivam a escrever, pois ficam decepcionados quando percebem que "apenas 50 pessoas" leram seu artigo. Grossa bobagem, colegas. Quantidade não é qualidade.

Por outra, não se preocupe com a quantidade de pessoas que leem seus artigos, mas com a qualidade desses leitores.

Posso falar de mim: tenho um público fiel aqui nesse espaço, mas estou longe de ser um best seller deste espaço. Ocorre que, se por um lado, não tenho dezenas de milhares de leitores; por outro, tenho certo orgulho de ser "lido pelas pessoas certas".

Uma delas, por exemplo, é o Dr. Júlio César Ballerini Silva, também autor neste espaço, encontrou - alguma -  qualidade nos meus textos e me convidou para ministrar classes [nos cursos de pós-Graduação]de Direito Civil e Direito Processual Civil na Escola Superior de Direito (Campinas) e na UNIARARAS. Um trabalho que tem gerado ótimos frutos e já caminhamos para nosso quarto ano de profícua parceria, e, ao que tudo indica tanto o corpo docente quanto - principalmente - o discente aprova meu trabalho.

Bem, se eu tivesse vergonha de escrever ou me impactasse pelo fato ter X e não "X^10" leitores, talvez eu não tivesse iniciado esta importante parceria, que tenderá a gerar mais frutos ainda.

Além disso, amigos, clientes importantes vieram ao escritório por reconhecerem, em mim, através do que falo e escrevo, Autoridade em algumas áreas específicas do Direito.

Agora, se você não escrever, e não se expuser, por melhor advogado que seja, seus clientes e o mercado, de forma geral, não irão sequer descobrir que você existe.

Aprendendo com Franz Kafka

Franz Kafka, ao meu ver, é o maior escritor do Século XX e, sem dúvidas, está entre os 20 maiores de todos os tempos. Ocorre que Kafka tinha vergonha de seus escritos e, pouco antes de sua morte, pediu que seu amigo, Max Brod, queimasse seus escritos.

Bem, Max Brod não atendeu o pedido final de seu grande amigo e conhecemos a imortal obra de Kafka. Mesmo aqueles que nunca leram uma única linha escrita por Kafka, conhecem suas principais obras ("O Processo" e "A Metamorfose).

A questão que faço é: se Max Brod tivesse cumprido o desejo de seu amigo, Kakfa teria sido menos genial? Certamente que não; porém, o escritor da Boêmia não figuraria como exemplo neste texto. Por outra, de nada adianta você ter a genialidade de um Pontes de Miranda se as pessoas não souberem dessa genialidade.

Certamente que na estrada da história há uma série de gênios não reconhecidos, por terem, propositadamente, escolhido o anonimato sequer saberemos de sua existência. Essa genialidade, por fim, terá se perdido como" lágrimas na chuva ".

Não seja um desses, ok. Tenha coragem e se exponha. Escreva, grave vídeos, mostre às pessoas [e ao mercado] a sua genialidade.

Paulo Antonio Papini

Paulo Antonio Papini

Advogado em São Paulo. Mestre e Doutorando pela Universidade Autónoma de Lisboa. Pós-graduado em Processo Civil. Especialista em Direito Imobiliário. Professor na ESA/UNIARARAS e ESD-Campinas.

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