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Relações trabalhistas pós-pandemia: devemos ser otimistas?

Bruna Cavalcante Kauer

Antes mesmo da pandemia já havia indícios de novas tendências na relação entre empregador e empregado.

quarta-feira, 28 de julho de 2021

Atualizado em 29 de julho de 2021 08:26

 (Imagem: Arte Migalhas)

(Imagem: Arte Migalhas)

Desde a última recessão de 2015/2016, já era notada uma mudança estrutural do mercado de trabalho, com aumento da flexibilidade, migrações do regime celetista para outras formas contratuais e acomodações no mercado informal. 

A pandemia de coronavírus intensificou esse processo e afetou, principalmente, os trabalhadores com menor proteção social e baixa escolaridade, ou seja, trabalhadores informais foram mais atingidos que os formais, gerando um impacto profundo no mercado de trabalho.

O futuro das relações trabalhistas neste contexto é bastante complexo e, portanto, podemos esperar que alguns setores fiquem muito diferentes do que eram anteriormente a este novo cenário. Vejamos: houve uma adaptação das funções que envolvam teletrabalho, o que pode levar à adoção permanente das videoconferências, esvaziando pontes aéreas pelo país com menos fluxo de passageiros, o que afeta diretamente o setor de aviação, por outro lado, em relação ao comércio houve aquecimento e crescimento do e-commerce, o que pode prejudicar os resultados do varejo presencial.

Antes mesmo da pandemia já havia indícios de novas tendências na relação entre empregador e empregado. O compartilhamento de cargos, a adoção do trabalho remoto como padrão, a diminuição do número de dias trabalhados são alguns dos formatos que já são realidade para muitos trabalhadores.

É importante deixar claro que as questões das relações trabalhistas envolvem diretamente a situação econômica, num país em que temos uma situação fiscal complicada, o tamanho da dívida pública é muito grande e não é esperado um crescimento vigoroso da economia. Desta forma, as perspectivas em curto prazo não são animadoras.

Em um futuro próximo, segundo estudos de projeções a longo prazo, teremos quatro grandes grupos de trabalhadores: deslocados, redundantes, essenciais e remotos.

Os "deslocados" são os que se afastaram das suas funções em curto prazo e que fazem parte dos setores mais afetados pela pandemia, como comércio e serviços, hospitalidade, varejo e turismo.

Os "redundantes" são os que terão que ter conhecimento tecnológico e digital, como, por exemplo, professores para ministrar aulas online e médicos cirurgiões para realizarem cirurgias robotizadas.

Os trabalhadores "essenciais", também conhecidos popularmente como os "linha de frente" são os entregadores, enfermeiros, coletores de lixo, profissionais da saúde, de supermercados, da agricultura e da indústria, que continuarão suas atividades normalmente.

Por fim, os "remotos" integram a categoria que pode trabalhar remotamente e que terão a possibilidade de manterem seus empregos.

Há uma grande tendência de um trabalho mais híbrido, dividido entre a residência do trabalhador e o local da prestação de serviços, as empresas terão que se reinventar trazendo novas tendências e proporcionando maior qualidade de vida, flexibilidade e comodidade aos seus colaboradores.

Apesar disso, haverá maior concorrência profissional, alteração de forma de contratação, supressão de direitos trabalhistas...

Concluímos que o futuro das relações trabalhistas não se limita ao home office e nem às ferramentas tecnológicas. 

Organização, criatividade, colaboração e aprendizado são elementos fundamentais para nortear as tomadas de decisões tanto para o empregador como para o empregado.

Bruna Cavalcante Kauer

Bruna Cavalcante Kauer

Bacharel em Direito pela Universidade de São Francisco (USF), desde 2005, pós-graduanda em Direito do Trabalho e Processo do Trabalho pela Faculdade Legale. Atualmente, Bruna atua no escritório de advocacia Aparecido Inácio e Pereira Advogados Associados, localizado na capital do estado de São Paulo.

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