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Holding familiar não é só para idosos: O novo perfil é jovem

O planejamento sucessório pós pandemia ganhou novos contornos: Jovens estão assumindo o protagonismo patrimonial e exigem soluções diferentes das tradicionais holdings para idosos.

quinta-feira, 28 de agosto de 2025

Atualizado às 08:53

Até pouco tempo atrás, falar em holding patrimonial ou planejamento sucessório era sinônimo de atender alguém com 70, 80 anos. Alguém que já havia passado pelas turbulências da vida, consolidado seu patrimônio, estabilizado sua vida conjugal, definido os vínculos familiares e sabia exatamente como e para quem gostaria de transmitir seus bens.

Esse era o cenário clássico. Mas o mundo virou do avesso. E o planejamento sucessório também.

O marco da virada: A pandemia e a mudança de mentalidade

A covid-19 não foi apenas um evento sanitário foi um divisor de águas na percepção de risco patrimonial. De repente, o amanhã ficou menos garantido. A estabilidade virou ilusão. E pessoas mais jovens, com 30, 40 ou 50 anos, passaram a buscar soluções que antes eram exclusividade dos mais velhos.

Sim, o perfil do cliente de holding mudou. E com ele, deve mudar também a forma como planejamos.

Um jovem de 45 anos planeja diferente de um senhor de 75

Planejar para alguém com 75 anos é, em geral, um exercício de organização e proteção: filhos definidos, relações estáveis, bens consolidados, curva de crescimento patrimonial já no platô.

Esse cliente costuma saber quem será o sucessor nos negócios, quem ficará com os ativos passivos, e até já admite a integralização do patrimônio, incluindo os ativos operacionais.

Mas quando o cliente tem 40, 45, 50 anos, tudo muda.

Ele ainda está em expansão: pode estar no segundo casamento, com um filho adolescente e outro planejado. Pode estar iniciando um novo negócio. Pode, inclusive, romper esse relacionamento e começar outro ciclo afetivo e patrimonial.

Planejar para esse cliente exige visão de futuro, cláusulas dinâmicas, previsão de novas filiações e, acima de tudo, respeito ao momento de vida.

A armadilha do "copiar e colar" no planejamento sucessório

É tentador replicar estruturas já testadas - especialmente quando trazem custo tributário próximo de zero e honorários de seis dígitos. Mas não se pode cair na armadilha do "copiar e colar".

Planejar é escutar, compreender, mapear variáveis, prever riscos futuros e oferecer soluções sob medida. E isso exige sensibilidade jurídica, estratégica e humana.

Uma holding que protege um patrimônio familiar consolidado não serve para alguém que ainda está construindo sua história - financeira e afetiva.

O desafio de planejar o que ainda está em movimento

Imagine alguém com 47 anos, um filho de 16 do primeiro casamento, em um novo relacionamento há quatro anos, com planos de ter mais filhos.

Essa pessoa ainda está em formação.

Se essa estrutura for feita como se estivesse finalizada, corre-se o risco de criar conflitos patrimoniais com filhos futuros, com novos cônjuges, ou até de inviabilizar legítimas escolhas afetivas e empresariais que ainda estão por vir.

Não há espaço para rigidez onde a vida ainda pulsa em movimento.

Conclusão: O futuro do planejamento está no presente

O novo cliente da holding familiar é mais jovem, mais digital, mais consciente da importância de proteger o que está construindo. Mas ele também é mais complexo.

Ele quer previsibilidade sem engessamento. Segurança sem bloqueios. Blindagem sem aprisionamento.

Cabe a nós, operadores do Direito, entender esse novo momento. O planejamento sucessório nunca foi tão necessário nem tão vivo. Procure um especialista.

Marcia Pons

VIP Marcia Pons

Pons advogada com 25 anos em Família, Sucessões e Planejamento Patrimonial, 14 anos no Pons & Tosta, com atuação em Executivos, Mediação estratégica e proteção do patrimônio inc digital.

Luiz Gustavo Tosta

VIP Luiz Gustavo Tosta

Tosta é advogado sócio na P & T, Mediador, especialista em Trabalhista para Executivos e Planejamento Patrimonial, atua em negociações estratégicas com grandes empresas e proteção de alta gestão.

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