dr. Pintassilgo

Cruzeiro

Denominação anterior: Embaú, Boa Vista, Estação de Cruzeiro, Vila Novaes, Vila de Cruzeiro

Fundadores: Pedro Antônio de Azevedo

Data da Fundação: 15 de Abril de 1878

Cruzeiro Nasceu no século XIX no decênio seguinte à guerra do Paraguai.

Quando Mauá revolucionou a economia nacional com seus planos admiráveis, e as duas maiores cidades do país, São Paulo e Rio de Janeiro, exigiam melhores comunicações pois, era rudimentar a via, então, existente, nasceram assim, a estrada de Ferro Dom Pedro II e, junto aos trilhos, a cidade de Cruzeiro.

A cidade surgiu por imposição de uma situação geográfica extraordinariamente feliz, pois está no meio do caminho de dois grandes centros econômicos – São Paulo e Rio de Janeiro.

Na segunda metade do século XVIII, já era tão importante que se erigiu em Curato, circunscrito ao de Lorena.

Em 1781, o sargento-mor Antonio Lopez da Lavra iniciou a construção da Igreja, inaugurada seis anos depois sob a invocação de Nossa Senhora da Conceição do Embaú.

Embaú foi a Vila “mater” da cidade de Cruzeiro. O nome Embaú tem várias acepções, podendo significar: bica, garganta, beber ao extremo ou derradeira aguada.

Sob o influxo do ouro das Gerais desenvolveu-se o povoado. Por meio de Embaú é que se despejava o comércio das gerais para o litoral através do “Caminho dos Guaiases”, que passando por Guaratinguetá e Cunha, chegava a Parati. Impulsionado por esse comércio Embaú evoluiu o suficiente para elevar-se a categoria de freguesia a 19 de fevereiro de 1846, e a Vila pela lei nº 8, de 6 de março de 1871. O interessante é que a Vila recebeu o nome de Nossa Senhora da Conceição do Cruzeiro. O nome atribuído à antiga povoação de Embaú, refere-se ao marco divisório, em forma de Cruz, mandado construir no alto da serra, entre Minas e São Paulo.

Em 1880, a Vila do Embaú possuía 11.000 habitantes e exportava das suas 55 fazendas, cerca de 30.000 arrobas de café. Havia 20 estabelecimentos comerciais. Daí por diante, entretanto, sua evolução para a povoação decresce até ser absorvida por Cruzeiro que nasceu do seu território. A oito quilômetros mais ou menos de Embaú, situava-se a Fazenda Boa Vista, em cujo pátio, nasceu a cidade de Cruzeiro.

Suas terras foram, inicialmente, possuídas como devolutas, por Manoel de Moraes Pinto que as vendeu em 1778 ao Tenente-Coronel Henrique Dias de Vasconcelos. Falecendo este último, sua esposa, e herdeiros passaram-nas por troca, a Joaquim Ferreira da Silva que foi o primeiro marido de Dona Fortunata Joaquina do Nascimento. Casou-se esta senhora, em segundas núpcias, com o Capitão Antonio Dias Telles de Castro que comprou do outro herdeiro de Ferreira da Silva as terras restantes até o Riacho Lavrinhas. Por fim, enviuvando uma segunda vez, consorciou-se Dona Fortunata, que já era bastante idosa com Manoel Freitas Novaes. Vieram, deste modo, ter às mãos do futuro fundador de Cruzeiro as terras da Fazenda Boa Vista. Entre Lavrinhas e Cachoeira, localizada banhadas pelo Paraíba, executa este rio um vasto arco ao meio do qual, pela margem esquerda, erguia-se a Fazenda Boa Vista, pertencente ao Major Novaes. Diz a tradição que o traçado da Estrada de Ferro D. Pedro II deveria passar pela outra margem do rio, diretamente de Lavrinha e Cachoeira, mas que por pedido ou influência política do Major Novaes, foi modificado o antigo traçado e a estrada encaminhou-se pela margem esquerda do rio, proporcionando a oportunidade necessária para a criação da cidade, e assim, da estação de Cruzeiro, denominada primeiramente, Estação do Cruzeiro, por existir no local um Santo Cruzeiro.

Poucos anos após, a população já havia crescido bastante, e assim as casas foram se alinhando entre a Estação e Santa Cruz no trecho equivalente, hoje, à rua Engenheiro Antonio Penido.

Ao iniciar-se o período republicano, a povoação adstrita à Estação de Cruzeiro já evidenciava apreciável desenvolvimento.

Em 12 de abril de 1890, pela Resolução nº 44, o Presidente do Estado, Dr. Prudente de José de Moraes Barros, declarou de utilidade publica e mandou desapropriar terrenos na Estação do Cruzeiro, abrangendo uma área de 36 hectares e 56 ares.

Com as mesmas divisas, o distrito policial da Estação do Cruzeiro criado em 15 de abril de 1878, pelo Decreto nº 143, de 30 de março de 1891, do Governador Dr. Américo Brasiliense, tornou se distrito de paz e ainda pelo mesmo governador foi assinado o Decreto nº 190, de 30 de junho do mesmo ano, elevando o distrito de paz à categoria de Vila, com a denominação de Vila Novaes (Município).

O Município de Vila Novaes teve existência passageira, com o golpe de Estado que Depôs o Governador, assumiu o Governo do Estado o Dr. José Alves de Cerqueira César, que anulou os decretos do seu antecessor.

Pelo aviso nº. 2007, de 31 de outubro, a Câmara foi autorizada a dar aforamento aos terrenos desapropriados na Estação de Cruzeiro, em virtude da Resolução nº. 44 de 12 de abril de 1890.

Pela lei nº. 789 de 2 de outubro de 1901, foi transferida a sede do município do distrito de Embaú para o distrito de Estação do Cruzeiro, com a denominação de Cruzeiro, instando-se a Câmara Municipal e na sua nova sede em 30 de novembro de 1901;

Pelo decreto nº. 6447, de 19 de maio de 1934, foi criada a Comarca de Cruzeiro, cuja instalação deu-se a 12 de Outubro de 1934.

  • Origem do nome

Mais um município que tem sua origem no tropeirismo. O povoado que deu lugar à cidade encontrava-se num entroncamento, na verdade, um cruzamento (daí o nome) das picadas que levavam os tropeiros de São Paulo a Minas Gerais, e dali e do interior paulista, ao Rio de Janeiro. Aliás, poucas localidades de São Paulo mudariam tanto de nome. Cruzeiro começaria como um povoado denominado Nossa Senhora da Conceição do Embaú, seria vila com o nome de Conceição do Cruzeiro (município hoje extinto), se transformaria, ao logo do tempo, em Estação de Cruzeiro (quando distrito de Conceição do Cruzeiro), Vila Novais, e, por fim, Cruzeiro.

  • Personagens

Dr. José Diogo Bastos

Médico, Prefeito Municipal e Ministro do Tribunal de Contas.

Dr. Márcio Thomaz Bastos

Advogado, formado pela Faculdade de Direito da USP (turma de 1958). Filho de José Diogo Bastos, nascido a 30 de julho de 1935 em Cruzeiro/SP, é casado com Maria Leonor de Castro Bastos. Tem uma filha, Marcela, e dois netos, Rafaela e Diogo. Com especialização em Processo Penal na Faculdade de Direito da Pontifícia Universidade Católica, é advogado criminal há 45 anos. Participou de seu primeiro júri em 1957, ainda na condição de solicitador acadêmico. Entre defesas e acusações, ao longo desse tempo, trabalhou em aproximadamente 700 julgamentos. Advogado exclusivamente criminal, atuou na acusação dos assassinos de Chico Mendes, do cantor Lindomar Castilho e, mais recentemente, do jornalista Pimenta Neves. Em momentos importantes da política nacional foi presidente da Seccional da OAB/SP, gestão 1983/85, com intensa participação no movimento pelas diretas-já, e do Conselho Federal da OAB, de 1987 a 1989, período da Constituinte. Em 1990, após a eleição de Collor, integrou o governo paralelo instituído pelo Partido os Trabalhadores como encarregado do setor de Justiça e Segurança. Em 1992, juntamente com o jurista Evandro Lins e Silva, participou da redação da petição que resultou no impeachment do presidente da República. Mesmo militando na advocacia, continuou a acompanhar a evolução política do País e, em 1996, preocupado com as eleições municipais, defendeu uma campanha informativa, encampada pela OAB, para incentivar o voto consciente dos eleitores. A campanha visava ainda cobrar dos candidatos às eleições a divulgação dos financiadores de suas campanhas para que o público soubesse quem estava por trás de cada um deles. Foi também fundador, juntamente com Severo Gomes, Jair Meneghelli e dom Luciano Mendes de Almeida, do movimento “Ação pela Cidadania.” Recentemente, ao lado de profissionais liberais, fundou o IDDD - Instituto de Defesa do Direito de Defesa.


Dr. José Diogo Bastos Neto

Formou-se em Direito pela Universidade Estácio de Sá, do Rio de Janeiro. Tem curso de especialização em Direito Empresarial e mestrado em Processo Civil. Atua desde 1998 no Conselho da AASP - Associação dos Advogados de São Paulo, tendo ocupado os cargos de assessor da diretoria, 1° e 2° secretário, vice-presidente e presidente em 2005. Integrou as comissões de Estágio e Exame de Ordem e de Ética e Disciplina da OAB-SP.


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Maria Regina Marcondes Pinto

Nasceu em Cruzeiro, São Paulo, em 17 de julho de 1946, filha de Benedito Rodrigues Pinto e Iracy Ivette Marcondes Pinto. Desaparecida desde 1976, aos 29 anos de idade. No Relatório do Ministério da Marinha consta que Maria Regina "desapareceu após ser seqüestrada... (DOU n° 60 de 28/03/81 - DOU/SP)". Já o Relatório do Exército, é mais preciso e afirma: "em 08 de abril de 1976, foi presa na Argentina." Em fins de 1969 ou início de 1970 saiu do Brasil, com documentação legal e foi para Paris, onde já se encontrava o seu companheiro Emir Sader, professor da Faculdade de Ciências Sociais da USP, que tivera problemas com a Justiça Militar no Brasil.

Emir Sader

Emir Sader nasceu em São Paulo, no ano de 1943. Formou-se em Filosofia na Universidade de São Paulo. Fez Mestrado em Filosofia Política e Doutorado em Ciência Política, ambos na Universidade de São Paulo. Na mesma universidade, trabalhou como professor, primeiro de filosofia, depois de ciência política. Foi, ainda, pesquisador do Centro de Estudos Sócio Econômicos da Universidade do Chile, professor de Política na UNICAMP e coordenador do Curso de Especialização em Políticas Sociais na Faculdade de Serviço Social da UERJ. Atualmente dirige o Laboratório de Políticas Públicas na UERJ, onde é professor de sociologia.

Em Paris permaneceu por cerca de seis meses, indo ambos para Santiago, no Chile, onde ligou-se ao Movimiento de Isquierda Revolucionario (MIR). Durante o tempo que residiu e estudou em Santiago, veio 3 ou 4 vezes a São Paulo para visitar os familiares. Após a queda do Presidente Salvador Allende esteve presa no Estádio Nacional. Conseguindo sair, veio para o Brasil, onde permaneceu cerca de seis meses. Foi para Buenos Aires, onde passou a residir em companhia de Emir e estudar. Em 10 de abril de 1976, em Buenos Aires, Maria Regina foi encontrar-se com Edgardo Enriquez, médico, filho do ministro da Educação do Governo Allende (já deposto) e ligado ao MIR (Movimiento de Izquierda Revolucionário). Nunca mais foram vistos. De Edgardo, chegou, tempos depois, a notícia de que um preso político chileno ouvira sua voz num presídio do Chile, gritando: "Sou Edgardo Enriquez e eles vão me matar". Houve comentários de que foi presa e teria sido vista num presídio de mulheres. Seu companheiro havia saído dias antes para Paris. Foi noticiado por jornais europeus que Regina fora presa pelo governo argentino, sendo posteriormente entregue à polícia chilena. Em maio de 1976, o Comitê Francês de Apoio à Luta do Povo Argentino denunciou que a Junta Militar argentina havia detido Edgardo e Maria Regina e encaminhado ambos às autoridades chilenas do governo de Pinochet. Mais tarde chegou outra informação que dava conta que Maria Regina fora levada, já sofrendo perturbações de ordem psiquiátrica, da Argentina para Santiago, por uma pessoa de nome Eduardo Allende. Ainda outra informação que chegou, posteriormente confirmada por outras fontes, dizia que Maria Regina estaria internada em uma clínica psiquiátrica de Santiago, situada em um prédio de três pavimentos na Calle Victorya, n° 293, mas aí também não foi encontrada.

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Walter Sampaio

O professor e jornalista Walter Sampaio. Diretor de jornalismo da rádio Bandeirantes (1955-60), da TV Excelsior (65-67), das Emissoras Associadas (rádios Tupi e Difusora e TV Tupi, de 67 a 69) e da TV Cultura (69-75), Sampaio era proprietário do Colégio do Carmo, em Santos, e ex-professor da Escola de Comunicações e Artes da USP e das universidades Mackenzie e Católica de Santos. Nascido em Cruzeiro (SP), Walter Sampaio era casado, tinha dois filhos e dois netos.

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José Leme Galvão Junior - Soneca - Pintura

Nasceu em Cruzeiro, São Paulo, em 15 de setembro de 1950, filho de José Leme Galvão e Arthéades de Faria Galvão, casado com Maria da Graça Nobre Mendes, 4 filhos, Maíra, Daniel, Helena e Júlio, reside na SHIN QL 7/4/10, Brasília. Arquiteto graduado em 1978 pela UnB, curso de Arquitetura e Urbanismo. Mestrado em teoria e hitória da arquitetura e do urbanismo, pelo Programa de Pós Graduação da FAU/UnB, em 2001. Experiência com projetos e obras de arquitetura desde 1967, como desenhista do escritório do arquiteto Elder Rocha Lima, em Goiânia e depois como arquiteto autônomo. Experiência docente como professor de desenho geométrico no Colégio Objetivo, por três semestres e como Professor de Projeto no Curso de Arquitetura do Instituto de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília no 2º semestre de 1994. Desde de 1980 trabalha com a preservação de bens culturais, na então Fundação Nacional próMemória, hoje Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Coordenou a 14ª Regional do Centro-Oeste, a Comissão Especial de Brasília no Departamento de Proteção e a Comissão de Coordenação Técnica do Programa de Revitalização do Patrimônio Cultural, do MINC/IPHAN/Banco Interamericano de Desenvolvimento. Atualmente é Coordenador de Conservação do Departamento de Proteção do IPHAN.

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Vanusa


Vanusa Santos Flores, cantora e compositora, nasceu em Cruzeiro SP, em 22/9/1947. Criada em Uberaba MG e Frutal MG, desde cedo estudou violão e aos 16 anos iniciou-se como cantora, atuando como crooner do conjunto Golden Lions.Apresentando-se em bailes de diversas cidades da região do triângulo mineiro, foi descoberta por Sidney Carvalho, que trabalhava para a firma publicitária Prosperi, Magaldi & Maia. Transferindo-se para São Paulo SP, foi lançada como concorrente da cantora Wanderléa, na época a intérprete de maior sucesso do gênero iê-iê-iê. Em 1966, no auge do movimento da Jovem Guarda, estreou no programa Eduardo Araújo, o Bom, transmitido pela TV Excelsior. Contratada pela RCA Victor, obteve sucesso com a gravação Pra nunca maís chorar (Carlos lmperial e Eduardo Araújo). Juntamente com o cantor Wanderlei Cardoso e o comediante Renato Aragão, atuou no programa Adoráveis Trapalhões, na TV Record, de São Paulo. Em 1970 estreou como compositora, gravando na RCA Victor a canção Mundo colorido. No ano seguinte, participou do VI FIC, da TV Globo, do Rio de Janeiro RJ, com Namorada (com Antônio Marcos). Prêmio de revelação feminina no festival de Piriapolis, Uruguai, em 1974, obteve um de seus maiores sucessos de intérprete e autora com Manhãs de setembro (com Mário Sierra). Em 1980, obteve o terceiro lugar no Festival de Seul, Coréia do Sul, com a música Mágica loucura (com Augusto César Vannucci). Gravou vários LPs na década de 1980, bem como teve lançadas coletâneas de sua obra. Em 1991 obteve o quinto lugar do Festival Estrela de Ouro, em Viña del Mar, Chile, com Quando o amor termina (com Sérgio Augusto). Lançou em 1997 sua autobiografia Vanusa - a vida não pode ser só isso!, São Paulo, Editora Saraiva. Continua apresentando-se em shows pefo Brasil.

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Olívio Nicoli

Fundador da Rádio Mantiqueira.

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José Florindo Coelho

Pioneiro da Telefonia no Vale do Paraíba.

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Dr. Tranquelino Avelino Jr.

Médico, Prefeito Municipal e Deputado.


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Dr. Antonio Carlos da Gama Rodrigues

Médico, operador de renome internacional, Presidente da Comissão de Estudos das Doenças Mentais da ONU.


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  • Locais históricos

Estação de trem

Ramal de São Paulo - km 252,382



Histórico da Linha: Em 1869, foi constituída por fazendeiros do Vale do Paraíba a E. F. do Norte (ou E. F. São Paulo-Rio), que abriu o primeiro trecho, saindo da linha da S.P.R. no Brás, em São Paulo, e chegando até a Penha. Em 12/05/1877, chegou a Cachoeira (Paulista), onde, com bitola métrica, encontrou-se com a E.F.Dom Pedro II, que vinha do Rio de Janeiro e pertencia ao Governo Imperial, constituída em 1855 e com o ramal, que saía do tronco em Barra do Piraí, Província do Rio, atingindo Cachoeira no terminal navegável dois anos antes e com bitola larga (1,60m). A inauguração oficial do encontro entre as duas ferrovias se deu em 8/7/1877, com festas. As cidades da linha se desenvolveram, e as que eram prósperas e ficaram fora dela viraram as "Cidades Mortas"... O custo da baldeação em Cachoeira era alto, onerando os fretes e foi uma das causas da decadência da produção de café no Vale do Paraíba. Em 1889, com a queda do Império, a E.F.D.Pedro II passou a se chamar E.F.Central do Brasil, que, em 1890, incorporou a E.F. do Norte, com o propósito de alargar a bitola e unificá-las. Os trabalhos começaram em 1902 e terminaram somente em 1908. Em 1957 a Central foi incorporada pela Refesa. O trecho entre Mogi e São José dos Campos foi abandonado no fim dos anos 80, pois a construção da variante do Parateí, mais ao norte, foi aos poucos provando ser mais eficiente. Em 31 de outubro de 1998, o transporte de passageiros entre o Rio e São Paulo foi desativado, com o fim do Trem de Prata, mesmo ano em que a MRS passou a ser a concessionária da linha. O transporte de subúrbios, existente desde os anos 20 no ramal, continua hoje entre o Brás e Estudantes, em Mogi.

A ESTAÇÃO: A estação de Cruzeiro foi inaugurada pela E. F. Dom Pedro II em 1878. A partir de 1884, passou a ser o ponto de partida da E.F. Minas e Rio - que tinha esse nome porque deveria sair de uma estação na Província do Rio de Janeiro e acabou saindo de Cruzeiro mesmo - que levava até Tres Corações, em Minas, e daí além. Essa estrada teve o nome alterado inúmeras vezes, passando a fazer parte, por exemplo, da RMV - Rede Mineira de Viação. "Vale a pena citar que o referida estação pelo fato de ficar praticamente na metade do percurso do Ramal de São Paulo era o ponto de cruzamento dos principais trens: DP2 X DP1, DP3 x DP4 e ponto de almoço do SP1 X SP2 - o famoso "expressinho" (*Walter Langbeck, 11/2004). Da estação de Cruzeiro partiu entre 2000 e 2001, tocado pela ABPF, o trem turístico a vapor que seguia para Passa-Quatro, em Minas Gerais. Um desabamento logo após o túnel na divisa dos dois Estados levou o percurso a ser feito somente em território paulista, até o túnel. Em dezembro de 2001, entretanto, o trem a vapor foi suprimido por falta de apoio financeiro da Prefeitura.



Capitólio Teatro Municipal



In
augurado em 3 de setembro de 1930, é considerado, em função de seus traços arquitetônicos, uma réplica do Scala de Milão. Além de teatro, funcionou durante muitos anos como cinema. Foi adquirido pela Prefeitura Municipal em 1977 e sua última restauração ocorreu em setembro de 2001. Com capacidade para 400 pessoas, o Capitólio é considerado uma das mais belas e importantes casas culturais da região.



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E as revoluções de 30 e 32, como repercutiram na cidade ?

"Eu era bem pequena, nessa época. Em 30 eu tinha apenas oito anos. Mas lembro que papai teve que ficar longe da família e mamãe pegou todos os filhos e foi se esconder na Serra da Bocaina, perto da Hidrelétrica, pois ela e papai tinham contato com o gerente dessa usina. Na verdade, o que se temia mesmo era que os soldados abusassem das filhas maiores que já eram moças. Em 32, não. Mamãe decidiu que não ia sair de Cruzeiro, que era tolice. Papai tinha sido transferido pela direção da Light para São Sebastião. Ela então mandou as filhas mais velhas para a casa de parentes e ficou com os pequenos. Aquela foi uma região de combates, pois as tropas do governo estavam na Mantiqueira. Às vezes, vinha um aviãozinho vermelho e bombardeava pontos da região. É interessante porque à noite ou víamos tiroteio na serra e só depois é que descobrimos que não eram combates: os soldados ficavam batendo matracas para fingir guerra! Até que um dia as tropas comandadas pelo general Góis Monteiro chegaram à cidade que estava praticamente vazia. O general chegou bêbado, quase caindo, escorado por dois soldados. Ficaram ali uns dias, depois foram embora, acredito que sem incidentes. Mamãe e outras mulheres fizeram comida para as tropas. Quando acabou aquela briga, papai e os comunistas voltaram. A cidade estava acéfala e eles poderiam ter ocupado a prefeitura. No entanto, acharam melhor convidar um médico progressista de lá, o doutor José Diogo Bastos - pai do Márcio Thomaz Bastos - para ocupar o cargo de prefeito. Ele aceitou e deve ter gostado, porque permaneceu no cargo por muitos anos.” Idealina Fernandes Gorender - Filha de um operário e fundador do PC, mulher de um historiador e dirigente comunista, Idealina conta a sua trajetória de militante, iniciada em Cruzeiro (SP) e interrompida com o golpe militar de 1964

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Livros da história da cidade

  • A Câmara Municipal numa época de transição em Cruzeiro Gleise Ferreira Sobreiro - Lorena, FSFCLL, 1973

  • Atas da Câmara Municipal de Cruzeiro- Período Imperial (1873/1889) Hilton Federici - Cruzeiro, Câmara Municipal, volume I, 1979

  • Cruzeiro - Binômio Educação e Indústria João Ramos da Silva - Cruzeiro, 1970

  • Cruzeiro - Um exemplo original de urbanização no Vale do Paraíba. Hilton Federici - Belo Horizonte, VII SANPUH, 1974

  • EEPG "Oswaldo Cruz", José Dulcídio de Oliveira - Aparecida, Editora Santuário, 1979

  • Fundação e Aniversário da Cidade de Cruzeiro, Carlos Borromeu de Andrade - Lorena, IEV, nº 99, nov. 1997

  • Duas visitas de Pedro II ao Sul de Minas (1882-1884) - Relacionamento dessas viagens com as origens de Cruzeiro
  • Hilton Federici - Campinas, ICHSP, 1973

  • Esboço Histórico de Cruzeiro, Hilton Federici - Cruzeiro, 1937

  • Guia de Cruzeiro, Cruzeiro - Prefeitura Municipal, 1967

  • História de Cruzeiro - Das origens remotas até a instalação do município em 1873, Hilton Federici - Campinas, Academia Campinense de Letras, volume I, 1974

  • História de Cruzeiro - Da instalação do município (1873) até a transferência de sua sede em 1901, Hilton Federici - Campinas, Ed. Palmeiras, volume II, 1978

  • Histórico sobre a Estrada de Ferro Sul de Minas, Loretta Puccini - Lorena, FSFCLL, 1972

  • Notas para o estudo da cidade de Cruzeiro durante a Revolução de 1932, Maria Lucia Leite Perrone - São Paulo, Boletim de História, FFCLSS, 1964

  • Investigação Histórico-Geográfica sobre Cruzeiro, Instituto Cruzeiro, 1935

  • O nome de Cruzeiro, uma resultante das questões de limites entre as capitanias de S. Paulo e Minas, Hilton Federici - Guaratinguetá, II SHVP, 1974

  • Os Pioneiros da História de Cruzeiro, Carlos Borromeu de Andrade - São Paulo, Centro Cultural Objetivo / Fundação nacional do Tropeirismo, 1994

  • Síntese da História de Cruzeiro, Joaquim de Paula Guimarães - Cruzeiro, Tip. Bastos, 1951

  • Solar dos Novaes, Fazenda Boa Vista - São Paulo, Condephaat/Prefeitura Municipal de Cruzeiro, 1980

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