dr. Pintassilgo

Ourinhos

Ainda não caiu a tarde quando chego a Ourinhos, a Jóia da Sorocabana. Cidade que como tantas outras se desenvolveu ao largo de ferrovias, cujas locomotivas no seu ritmo compassado, levavam nos trilhos o outrora Ouro Negro, o café.

A cidade possui uma localização privilegiada, servindo como via de escoamento para qualquer produção.

Uma cidade que respira movimento por sua localização só pode me inspirar a pensar no Direito de ir e vir.

Isto vai parecer-lhe, migalheiro amigo, um diálogo banal. Mas se você reparar com mais carinho nestas minhas reflexões, verá que este Pétreo direito nos é fundamental.

A liberdade farta, infelizmente, nos deixa molengas, apáticos e sem inspiração. Indolentes, até. Que contradição ! Precisarmos perdê-la para que ela fique cara e valiosa.

Para que nos inspire um furor pela luta e para tê-la de volta. Quantas pessoas não tombaram em busca da liberdade, do Direito de ir e vir.

Um Direito que não escolhe bandeiras. Muitos imigrantes japoneses aqui aportaram, contribuindo para o enriquecimento do nosso país. Parece-me que, fugidos da Grande Guerra (tomara que tenhamos parado na Segunda, rogo) aqui criaram raízes, numa história de início sofrido, mas que ficou tão suave quanto apreciar um bonsai. Fugidos do horror, graças ao Direito de ir e vir, aqui estão.

Interessante notar que grandes idéias e homens brotam em tempos de crise.

Quando tolhidas nossas liberdades fundamentais, entre elas principalmente a de ir e vir, criamos, nas letras das músicas e nas peças de teatro, Códigos, driblamos, como Garrincha a seu “João”, os censores.

O ir e vir, “físico”, pode estar restrito, mas o das idéias não ! Este galopa, procurando um lindo vale, numa luta insana e sofrida.

Quando se achou o vale, vimos que possuía o verde sonhado, porém, com abismos em demasia a tentar nos cooptar.

E na Ourinhos de tantos caminhos, de ir e vir, fico pensando, sem Sebastianismo, quando teremos representações dignas.

Se hoje temos a liberdade de falar, andar e outras coisas tão vitais, importantes quanto o sangue, que escarlate ferve perante a injustiça, temos assim o direito de sermos respeitados. Confesso que meu bico entra na política para cobrar apenas o que é de direito.

Há um ditado japonês que diz: “Nenhum benefício individual conduz ao benefício ilimitado para todos”.

E para aqueles que por vezes não compreendem isso, não têm os olhos para o bem, são fechados às coisas do homem, saco do meu embornal mais um livrinho do compêndio do conhecimento humano e tasco mais um ditado nipônico : "Há tolos que dançam e os que assistem. Tolo por tolo, é melhor dançar". Em frente, migalheiros !

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