dr. Pintassilgo

Iguape

Denominações anteriores: Icapara, Vila de Nossa Senhora das Neves, Bom Jesus da Ribeira.

Fundadores: Rui Garcia de Mosqueira, Antônio de Barcelos e seu sogro Francisco Álvares Marinho. Há também a versão de que foi o capitão da marinha Teodoro Ébano Pereira.

Data da fundação: 3 de dezembro de 1538.



Iguape foi fundada antes do ano de 1639 e pertenceu à Capitania de São Vicente. Estas plagas foram desde logo perlustradas por andarilhos exploradores que, procurando um lugar para fixar-se, foram atraídos pelos encantos que a natureza aqui lhes oferecia. Ficaram, então, os esteios de suas primeiras moradas.

Foi diante do oceano, no lugar conhecido por Icapara, que surgiu o primeiro aglomerado de casas – a sementinha da Iguape atual.

As notícias de incursões de piratas e, quiçá, de huguenotes, pelo litoral norte do país, a freqüência de ventania e falta de água potável, fez com que os habitantes da povoação nascente transferissem suas moradas para o lugar onde se encontra hodiernamente a cidade.

Iguape é uma cidade antiga, situada em vasta planície, banhado pelo majestoso Rio Ribeira. Seus fundadores (Eduardo Ébano Pereira e outros) ergueram as primeiras moradias à beira do Mar Pequeno, naquele tempo de águas límpidas e bem salgadas, sem lama e sem peri, pois não existia ainda o malfadado “Valo Grande” ou “Canal de Iguape”. Eram casas simples cobertas de sapé, pelo que ficou sendo chamada aquela fileira de habitações de “Rua da Palha”, nome que até agora se conserva popularmente, embora as placas colocadas nas esquinas denominem o logradouro “Rua Tiradentes”.

No lugar em que está o jardim público foi construída uma Igreja dedicada a Nossa Senhora das Neves, que ainda é a principal Padroeira de Iguape. Ao redor do templo foram aparecendo novas construções para moradia e negócio, delineando-se, então, o largo da Matriz; apareceram depois outros largos e praças: de São Benedito, do Rosário da Misericórdia, etc.

No templo do Império, Iguape teve sua época de fastígio e grandeza. Foi quando os senhores de escravos construíram suntuosas mansões sinhoris. Ainda podem ser vistos os grandes sobrados dos Toledo, dos Mâncio, dos Carneiro Braga e outros que são apenas sombras da grandeza daquela era exaustosa.

Com a população de três mil habitantes, dentre os quais muitos com o germe da maleita no sangue, não tinham estímulo para progredir. Só em agosto, por ocasião das festas do Senhor Bom Jesus de Iguape e Nossa Senhora das Neves, é que a cidade se movimentava, engalando-se. Passado o período festivo, tudo voltava ao desânimo, à apatia, à tristeza.

A falta de estradas e a incidência da maleita, que deixara suas vítimas com a saúde comprometida pelo resto da vida, eram as principais causas do atraso de Iguape.

Logo após ter sido inaugurada a estrada de rodagem para São Paulo, começaram a surgir os melhoramentos públicos. Foi feita a dedetização das casas, expulsando e matando os mosquitos transmissores da maleita. Tudo então mudou. Iguape acordou e vai procurando acertar os passos com as outras cidades mais môças, na marcha para o futuro.

Atualmente existem no setor de ensino, além do Grupo Escolar e de escolas isoladas, um Ginásio Estadual, uma Escola Normal e, brevemente, haverá também uma escola profissional, que virá a ser um dois maiores benefícios para os iguapenses pobres e remediados.

Uma vez que concluída a chamada estrada de Biguá, que ligará Iguape a São Paulo com apenas cinco ou seis horas de viagem, esta região irá sentir o calor do progresso intenso.

Iguape foi elevada a Vila em 3 de abril de 1635. Pela Lei n.º 17, de 3 de abril de 1844, criou-se o município, que foi elevado a sede de comarca pela Lei n.º 16, de 30 de março de 1858. De acordo com a Lei n.º 2 456, de 30 de dezembro de 1953, que fixa o quadro território do Estado para o qüinqüênio 1954/1958, Iguape possui um único destrito – o da sede.

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  • Origem do nome

“Y” ou “YG” = água: “UAPÊ” ou “AGUAPÉ” = vegetação que se cria na superfície de águas estagnadas “AGUA” = redondo; “PE” = chato. Água com vegetações (folhas) redondas e chatas.

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  • Personagens

Ricardo Krone

Ricardo Krone nasceu em Dresden, Alemanha em 1861. Veio ao Brasil em 1884 estabelecendo-se em Iguape, onde abre uma farmácia. Ao dividir seus trabalhos específicos com pesquisas sobre a região do Vale do Ribeira de Iguape, Krone dá início à espeleologia paulista. Num trabalho desenvolvido juntamente com geólogos do Museu Paulista, São Paulo, veio a descobrir 41 cavernas, sendo a primeira a gruta Pedrões e a última a caverna do Rio Roncador (Santana). Todas elas foram catalogadas, descritas e publicadas no grande trabalho denominado: "As Grutas Calcáreas do Vale do Rio Ribeira de Iguape - 1906", em qual também constam importantes estudos paleontológicos e observações referentes a ecologia da região.

R. Krone representa um marco na história da espeleologia paulista, pois a partir de suas pesquisas realizadas puderam outros espeleólogos iniciar as explorações, tornando hoje, indiscutível o potencial espeleológico do vale.

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  • Locais históricos

Basílica de Bom Jesus de Iguape




Construída entre 1782 e 1852, em estilo colonial. Foi restaurada em 1920. Localiza-se no largo da Basílica.

Igreja de São Benedito



Construção do séc. XVIII, em estilo colonial.

Museu Municipal

Localiza-se no Largo da Basílica. Sua estrutura arquitetônica é no estilo colonial, do ano de 1635. O acervo do Museu consiste em documentos, moedas, móveis antigos, lampiões e armas.

Casa Fundição de Ouro

Sua construção data do século XVII. Foi a primeira casa de fundição de ouro no Brasil.

Antigo Correio

Esta construção teve início em 1.839. É um sobrado que pertenceu a uma das mais ricas famílias da região, durante o ciclo do arroz. E só no séc. XX veio a abrigar o Correio, que acabou por descaracterizar a construção no seu interior.

É uma edificação tombada pelo Condephat no processo n.º 469/74, inscrição n.º 7 93, Livro de Tombo Histórico n.º 01, pg.11


Centro Histórico - Casario Colonial

Compreende o maior centro histórico e arquitetônico preservado do Estado de São Paulo, com 64 imóveis em estilo colonial português, entre eles, casarões e Igrejas.

Nessas construções, ricas em detalhes, foram utilizadas técnicas, como a taipa francesa e a taipa de pilão, com porta-janelas e varandas.

O conjunto de construções retrata os ciclos do ouro e do arroz, períodos de grande desenvolvimento econômico de Iguape.




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  • Curiosidades

Fonte do Senhor

A Fonte do Senhor é um recanto turístico pertencente ao Parque Florestal Municipal do Morro do Espia. Possui uma área de lazer, com agradável vegetação e tranqüilidade. Abriga uma gruta onde, conta a história, foi lavada a imagem do Senhor Bom Jesus de Iguape e, por isso, recebe milhares de visitantes durante o ano e, especialmente, durante a Festa em homenagem ao santo. A Fonte é um dos pontos de partida para a Trilha Ecológica do Morro do Espia.


Mirante do Cristo / Morro do Espia

O Mirante do Cristo Redentor está localizado no Morro do Espia, em área coberta por vegetação rasteira de gramíneas, a 80 metros da base. Do lugar, pode-se avistar a parte urbana de Iguape, a Ilha Comprida, o Estuário Lagunar do Mar Pequeno, o Valo Grande e, ao longe a Ilha de Cananéia e Ilha do Cardoso. O mirante é um dos recantos mais visitados de Iguape. O acesso pode ser feito com automóvel de passeio, motos, bicicletas ou a pé. É um dos pontos de partida para a Trilha Ecológica do Morro do Espia.

Outeiro do Bacharel

Morro coberto por vegetação rasteira de gramíneas, localizado no bairro Icapara. Possui uma trilha de aproximadamente 1 km, a partir do centro de bairro que leva ao pico, onde encontra-se o farol utilizado para sinalizar as embarcações que adentram ao Mar Pequeno. Do local avista-se a Barra do Icapara, o encontro do Rio Ribeira de Iguape com o Oceano Atlântico, a Ilha Comprida, o Maciço da Juréia e os ecossistemas associados, como restinga, manguezal e a mata atlântica.


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