dr. Pintassilgo

Peruíbe

E seguindo o ritmo das marés, vou avançando de forma sinuosa pelo litoral...

Inquietante essa relação do mar com o início. Dizem que a vida iniciou-se no mar; dizem que sem água não há vida. Mais inusitada ainda é a probabilidade de tudo no oceano se acabar, porque com a terra firme não há mais como a maltratarmos.

Bah! Vou desanuviar olhando o infinito horizonte praiano...

Paro um instante para ouvir o "chuá", nem baixo nem alto, do mar quebrando na areia .

Amigos, agora estou em Peruíbe e as belezas aqui são muitas e tênues: a praia, as cores do mar, do céu, dos olhos e dos cabelos que passam por mim.

Digo que corri muito para chegar até aqui, voando de forma rápida; lépido como o padre Leonardo Nunes, que por volta de 1549 aqui chegou.

"Abarebebê !" os índios o chamavam. Ou, melhor dizendo, "Aquele que é rápido". Isso porque ele parecia estar em vários lugares, tão veloz era sua locomoção.

Seria o sacerdote o precursor nacional das andanças em busca da Verdade ? Naquele tempo, "voava" ele com um objetivo; hoje, nós corremos e corremos em busca de algo que não sabemos.

E cá entre nós: sempre adorei o termo "balneário". Passa uma sensação de paz, de contato com o natural, com águas límpidas, plantas verdejantes, longe de nossas "armaduras" urbanas e sem nossos intermináveis combates...

Aqui as pessoas correm como loucas para longe dos afazeres, para uma terapia gratuita ao som do mar e à luz do céu profundo.

Saindo desse aprazível relato para vocês, me vejo em outro nem tanto. Um assunto que está mais para o Cabo das Tormentas do que para a paz do balneário.

Pareço nadar em águas caudalosas e tristes quando tenho a ciência, por conversas com adoradores da terra, que alguns causídicos, por motivos díspares, não incorporam em espírito o juramento que fazem quando recebedores da graduação; que deve ser a energia inspiradora para todo aquele que escolheu lutar na cruzada do Direito.

Claro que gostaríamos que nossa vida fosse como um balneário. Todos os esforços que fazemos são motivados por esse desejo. Ter esse desejo realizado e nas mãos, a qualquer custo, não combina com o exercício da Disciplina da Convivência Humana.

Somos e devemos ser audaciosos, pertinazes, como os marujos que por aqui passaram.

Depois da refrega justa, sempre há a chance de apreciar o belo e nada mais reconfortante que sentir a brisa sem mácula.

A população alegre e hospitaleira daqui merece abrir seu sorriso diariamente. Aliás, quando a povo está feliz, o país torna-se mais ensolarado e acolhedor.

Nisso, sempre residiu nossa força apesar das podas.

Vamos confessar, migalheiros, sempre pensamos que um país sereno é como uma paisagem para levar conosco na memória, igual ao balneário de Peruíbe.

Ainda que tenhamos muito a trabalhar para isso, não desistindo nunca.

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