dr. Pintassilgo

Taubaté

Migalheiros amigos, saudações!

Vivemos tempos estranhos.

Ao tempo que vivemos próximos de um futuro fantástico, cheio de traquinarias e moldes para o corpo e alma, também está a nossa vista a miséria, esta também tanto no corpo quanto no espírito.

Há homens que trilham um caminho ou outro.

Taubaté, a cidade onde agora estou, possui um belo cognome: "Cidade Educacional por Excelência".

Essa inclinação de Taubaté com a educação vem de seu passado progressista; mas creio que um de seus filhos mais ilustres, Monteiro Lobato, talvez tenha sido a expressão viva, a confirmação dessa vocação.

Disse há pouco que vivemos num mundo fantástico, no qual os homens têm caminhos dúbios.

Pois bem. Pergunto-lhes : o que seria mais fantástico do que a entrada do homem no mundo das Letras?

É o fantástico, sem absurdos ! É lindo, plausível, e que nós, migalheiros, tivemos a o oportunidade de viver ! Hoje estamos aqui, causídicos, promotores, juízes, jornalistas, dramaturgos, professores, publicitários, todos, graças às letras. E não percebemos. Não agradecemos com a devida mesura.

Vivemos um mundo de letras e bem sabem os operadores do Direito o quanto pesa uma só palavra no imenso universo de uma lide.

Com os livros e as palavras adentramos em diversos mundos, não somente o mundo fantástico criada por Lobato, mas na sensibilidade e tensão dos romances, nas jornadas dos heróis, nos recônditos dos corações vilanescos; na explicação de todas as coisas, nas aspirações futuristas luminosas ou sombrias da ficção científica ou na beleza e espanto da ampulheta da História. Em tempo: até hoje, me emociono com o final dos "Doze Trabalhos de Hércules", de Lobato: mais que uma aventura, uma bela descrição do sentido da amizade.

As diversas questões nas quais o Direito trabalha são natas do homem. Disso não há porque haver o pomo da discórdia.

Mas convenhamos: que mundo vêem aqueles que são privados de conhecer as letras?

O mundo perde um sentido. Mas, tudo leva a crer, que sem a educação, não há como conhecer de fato o mundo, mas apenas uma fração do que ele realmente é...

Não. A educação não é o pó de pirlimpimpim do qual sairemos do estado de miséria para o reino encantado. Longe disso.
Uma educação sem humanismo, mercantil, visando apenas o mercado profissional, nos levará apenas a uma sociedade competitiva e por vezes, desleal. Mais problemas para o Direito.

Já uma educação humanitária, que seja uma ode de amor ao ser humano (cada vez mais complexo, cheio de dúvidas e vítima do meio), que busque em cada um o que possui de melhor: coragem, sensibilidade, paciência, humildade, seria sim o primeiro passo para nos redimirmos.

Fantástico?

Sim, Pintassilgo...

Mas que ao menos tenhamos uma pouco de preocupação com a educação, com os livros, para que tenhamos outras cidades, como Taubaté, de cognome lindo, onde a educação é respirada no ambiente forense, onde fomos muito bem recebidos, onde há cordialidade, coleguismo, como explicou a magistrada, delgada e cortês.

Ah! E a gentileza do Aluísio, vice-presidente da OAB local... ah...

Isso não é instrução, que seria outra coisa. Isso é educação, no mais alto grau.

Parafraseando, Cid Moreira, outro taubateano: é Fantástico.

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