Caso Isabella 24/3/2010 Samuel Santos "Certa feita, fui nomeado advogado dativo já em cima do dia do júri. Sendo assim, somente vi o réu no dia do julgamento. O réu já tinha um histórico de crimes e tinha cara de bandido. As vítimas eram um rapaz de dezesseis anos e o seu irmão de oito anos, cadeirante. Tratava-se de homicídio tentado, qualificado pelo motivo torpe e pelo meio que impossibilitava a defesa das vítimas. A polícia produziu todas as provas de que o acusado teria cometido o crime. Eu mesmo, antes e depois de conversar com o réu, tinha a certeza de que ele cometera a tentativa de homicídio. Deu-se o insólito: ao sair da conversa, bastante irritado porque o réu não confessava um crime evidente, dei de cara com a sua mãe. Aquela senhora me apresentou uma menina, novinha – pouco mais de doze anos – que teria visto todos os fatos. E a menina me contou que, na realidade fora armação: a família dos meninos brigara com o réu que quebrara, porque quisera, um parabrisa de um veículo. O parabrisa fora quebrado depois de as 'vítimas' insultarem o réu. Assim, todos os acusaram de homicídio. Aquele rapaz teve tripla sorte: o Juiz era justo, o promotor estava interessado na verdade e não na acusação, como parece no caso Nardoni e a menina foi admitida para depor, mesmo depois de transcorrido o prazo para arrolar as testemunhas, posto que o promotor concordou em ouvir. Foi absolvido, não sem antes aquele promotor de justiça ameaçar aqueles 'pestinhas' com internação no reformatório, uma vez que cometeram ato infracional. O Promotor era de Justiça; o Juiz era julgador; não eram apresentadores de televisão e nem repórteres. No caso Nardoni, existem muitos absurdos. Não dá para se ter certeza do que está acontecendo. O Ministério Publico de São Paulo e o Judiciário (e a Polícia Civil paulista) são pródigos em resolver casos para a mídia. Por exemplo, o caso do Bar Bodega – Juiz, promotor e polícia, juntos na tortura, eis que a polícia torturou e o MP e o Juiz convalidaram. Depois se verificou que os autores eram outras pessoas, mais o estrago já estava feito. Esse fato está relatado em livro, cujo título é: Bar Bodega, um crime de imprensa... Outro caso em São Paulo é o da Escola de Base – no qual a polícia acusou os proprietários de pedofilia e estragou a vida deles. O Judiciário, O Ministério Público e a Polícia de São Paulo são 'ratos' de televisão. Isto não é bom. Tenho muito medo de se estar cometendo uma enorme injustiça. O Julgamento é para a mídia. O próprio Promotor admitiu não existir prova direta. O promotor desse caso sempre buscou a mídia. É horrível, mas pode ser que, pela ineficácia e pela vaidade da autoridades, nunca o culpado seja preso e pode ser que inocentes padeçam para o resto da vida. É melhor um culpado solto do que inocente preso. Cuidado cidadãos: o desequilíbrio das instituições é ameaça ao Estado Democrático de Direito e a vaidade do MP, incondizente com a Ordem Constitucional e com os direitos básicos da pessoa humana. Pode ser que os criminosos, nesse caso, sejam os Nardoni. Pode ser que não, que sejam o Juiz, o Promotor e o Delegado que podem estar, pelo excesso de confiança, pela irresponsabilidade e pela cegueira da vaidade, arrastando inocentes à prisão, fundados em argumentos circunstanciais e na utilização da dor da infeliz mãe da saudosa menina. Cuidado ao expor as opiniões, pois, amanhã talvez sejamos nós as vítimas desses algozes que se utilizam do Estado para agir." Envie sua Migalha