Caso Isabella

30/3/2010
Alexandre de Macedo Marques

"Com todo o respeito ao renome e excelência do Dr. Roberto Podval como advogado criminalista, os comentários não honram seu brilho profissional. Uma coisa foi o julgamento que se desenrolou na intimidade do tribunal do júri, cujo script qualifico como notável. De um lado a acusação com suas provas técnicas em vista da ausência do trivial em tal foro: confissão dos réus e/ou prova testemunhal. Do outro a defesa em ingente esforço de incutir nos jurados a dúvida frente à evidência das provas técnicas, procurando o benefício do 'in dubio pró réu'. Excelente embate, a meu ver, decidido na cronometragem do tempo entre o desligar do carro do Nardoni, na garagem, e a hora do primeiro telefonema do vizinho pedindo ajuda ao 190. Aí ruiu todo o arcabouço da tese de uma possível terceira pessoa e ressoou a pergunta fatal: Se não foram eles, quem foi? E a convicção dos jurados pela culpabilidade dos réus superou qualquer dúvida que poderia ter sido incutida pela defesa frente a outras provas técnicas. Sem falar na fragilidade dos depoimentos do Alexandre e da Ana Carolina Jatobá. O clamor público, a carnavalização, a histeria, as manifestações de desequilíbrio individual, a busca de holofotes, caro dr. Podval nada têm a ver com o julgamento,sentido estrito. São manifestações da execrável 'sociedade do espetáculo', do politicamente correto que caracterizam, não só o país mas a sociedade de massas em todo o mundo. Fico pesaroso que misture as duas coisas e não compreendo por que o faz. Não conseguiu que sua estratégia fosse vitoriosa porque era arriscada e frágil diante das provas técnicas. Em tempos de tecnologia, quando bem e honestamente aplicada, a velha lábia dos 'leões do júri' tende a enfraquecer-se. Sua biografia e sua carreira de excelente advogado penalista não merecem correr tal risco. Porque, também no julgamento do Caso Isabella, uma coisa (o julgamento) é uma coisa e a deplorável histeria midiática e das massas é outra. Que, aliás, não poupou nem figuras consagradas a quem a gente se acostumou a procurar como farol nas brumas do Direito."

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