Artigo - As coisas que tenho a dizer sobre o regime democrático

14/5/2010
Renato Ribeiro Rosinholi

"Professor, entendo o seu empenho e considero notável sua participação na democracia brasileira (Migalhas 2.387 - 14/5/10 - "Confronto de ideias" - clique aqui). Por outro lado, devemos ter em mente que a democracia é 'o governo do mais forte', por isso, é válido vaticinar que a situação política nacional irá desempenhar seu papel trivial nas eleições de outubro de 2010, como bem observado por Marcelo Antony ('Tô bem sem esperança [...]. A corrupção vai continuar existindo. Lá dentro, o time é o mesmo'). De fato, nossa democracia moderna oferece problemas capitais, ligados às contradições internas balizadas pela política tupiniquim e, claro, à hipótese de um desvirtuamento do poder, por parte dos governantes, pelo fato de possuírem estes o controle da função social e ficarem sujeitos à tentação, daí decorrente, de o utilizarem a favor próprio (caminho da famigerada corrupção e da plutocracia) ou no interesse do avassalamento do indivíduo (estrada do totalitarismo). Assim, ocorre essa perversão do Estado social da democracia de massas quando nele interferem, como forças governantes, as camadas mais odiosas da plutocracia, mormente, nos países assolados pela miséria econômica e pelo baixo desenvolvimento, como é o caso do Brasil. Esse tumor político, que é a interpolação da pecúnia desonesta dos grupos financeiros entre o povo e o voto que este deposita nas urnas, deve ser combatido com rigor sob o império da Lei, senão o voto sai instrumentalizado, para afiançar, através da respectiva maioria parlamentar, o governo das grandes empresas capitalista(multinacionais/fazendas/usineiros/latifúndios/monopólios...). Quando essa realidade política assim se apresenta, a vontade estatal deixou de ser uma vontade social, e a democracia de massas uma democracia do governante ('o governo do mais forte'). Importante consignar, desta forma, o papel do Estado social na democracia de massas impingido sob o controle financeiro das eleições e pela demagogia com que as oligarquias plutocráticas, ao anularem o poder político do povo, asseguram para si inteira ascendência na formação da vontade estatal. Fica, desse modo, exposta uma falha nesse sistema democrático, o que se ratifica inteiramente no cenário político nacional e, além disso, ironicamente, o voto é visto como amplo espectro de mudança da realidade política, porém, hoje no Brasil o que reina soberana é a governabilidade da legenda arraigada numa legislação eleitoral ineficaz. 'É brincadeira', como diz o Neto."

Envie sua Migalha