Jorge de Sena

21/3/2005
Bernardo Morais Cavalcanti - Universitário (Universidade Federal de Uberlândia)

"Caros companheiros de Migalhas, na edição 1.130, o leitor Frederico Augusto M. R. Marinho questionou sobre o significado do poema de Jorge de Sena. Ao ensejo, gostaria de tentar esclarecê-lo. O nome do soneto citado é "Pandemos", e foi escrito em conjunto com outros três ("Anósia", "Urânia" e "Amátia"), igualmente enigmáticos que foram denominados "Quatro Sonetos a Afrodite Anadiómena", no início da década de 1960. No posfácio do volume "Metamorfoses", seguidas dos sonetos retromencionados, o autor esclarece sua intenção: "trata-se de uma experiência [...] para sugerir mais amplamente do que a própria metáfora ambígua, com as suas fixações de sentido, o poderia fazer. [...] O que eu pretendo é que as palavras deixem de significar semanticamente, para representarem um complexo de imagens suscitadas à consciência liminar pelas associações sonoras que as compõem." [sem gifos no original] Portanto, quis o insigne literato lusitano "criar" palavras, impondo ao poema um significado não pelas idéias que a palavra suscita, mas pela própria forma como ela se nos apresenta. Por isso é tão incompreensível! E louvável a iniciativa de Migalhas em introduzi-lo no rotativo. Meus cumprimentos,"

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