Artigo - Direitos do paciente com câncer

24/5/2010
Renato Battaglia

"Gostaria de saber qual pesquisa levou a autora a concluir que 'os médicos do setor público não receitam medicamentos de última geração, com o objetivo de equilibrar o orçamento, pois entendem que já houve disponibilização de recursos... (Migalhas 2.392 - 21/5/10 - "Saúde" - clique aqui)' Peço licença para discordar e apresentar alguns pontos para reflexão: 1- muitos generalistas desconhecem oncoterapia de ponta; praticamente, só os (bons) oncologistas acompanham esta evolução; 2- entre os oncologistas que conhecem terapia avançada, um grande número desconhece leis e proteção constitucional; 3- estes médicos raciocinam que sobram aos pacientes duas alternativas: pegar, gratuitamente, na farmácia hospitalar o remédio 'antigo', cadastrado na listagem de medicamentos do governo, ou, gastar um dinheiro (que não possuem) para aquisição de remédio de ponta, nas farmácias privadas. Ora, sabendo que 'pobre' não tem $$, eles acabam receitando os remédios antigos e gratuitos. 4- entre os médicos que conhecem terapia avançada e leis, há muitos que entendem que ao dar remédio caríssimo para uma pessoas, está-se condenando à morte 20 (50? 100? quem sabe?) outras pessoas. A sociedade se impressiona mais com uma única morte concreta do que com 20, 50 ou 100, 'longe dos olhos'. A questão é muito antiga e muito complexa: diante de recursos financeiros finitos, há como fornecer tratamentos infinitos só por que a CF 88 assim o determina? De onde virá o dinheiro? Qual dignidade humana prevalece, a de um paciente com câncer(doença quase sempre crônica, típica da 3ª idade) ou a de 20/50/100 crianças que morrerão de tuberculose ou pneumonia por falta de remédio para todos? Quem decide, o filho do paciente com câncer, ou as 100 mães das crianças que vão morrer?"

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