Eutanásia e distanásia

28/3/2005
Lauro Mendonca Costa

"Não é só a bala que está perdida, nossa sociedade também está! Estamos vivendo na verdade uma BARBÁRIE, como bem definiu Sérgio Paulo Rouanet ("mal estar na modernidade"), onde claramente argumenta que, quando o processo civilizatório da modernidade 'pulveriza-se no ar' (BERMAN), e outro não coloca-se adequadamente em seu lugar, surge um estado (sensação) de BARBÁRIE. E é isso mesmo. Nesses tempos hodiernos temos assistido, passivamente, a banalização de tudo, inclusive da própria noção do conteúdo das expressões: VIDA e MORTE. A pouco, estamos, midiaticamente, aflitos pela eutanásia dessa norte-americana, nos questionando sobre se o Estado teria legitimidade para intervir nessas situações, seja tanto para manter a vida, quanto para decretar a morte. Pena que a mídia mundial não tenha se arvorado tanto pela manutenção da vida em relação àqueles marinheiros soviéticos que, esquecidos em prol da preservação de interesses de guerra, sucumbiram no fundo do mar. A técnica para resgatá-los existia e existe, assim como no caso da senhora norte-americana, e o curioso é que não há vontade expressa em nenhum dos dois casos. Mais, sinceramente, o que me incomoda é que poderíamos chegar à superação destes dois pontos existenciais: vida e morte, não pela tragédia do cotidiano, mas pela superação espiritual diante do corpo físico, compreendido o sentido superior da própria finitude do ser humano."

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