Ficha Limpa

27/9/2010
Pedro Luís de Campos Vergueiro

"Este é um país bizarro. Se não, vejamos. Waldemar Roriz se candidata depois de comprovar que preenche os requisitos legais para tanto; sua candidatura, entretanto, é contestada com base nas disposições da recente lei alcunhada de Lei da Ficha Limpa. Ao STF coube o julgamento do processo. Embora o julgamento termine com um empate na votação : 5 x 5, esse resultado indica que a candidatura do Waldemar foi para o brejo, uma vez que a decisão assenta que a Lei da Ficha Limpa vale para as próximas eleições. Diante disso, uma solução precisava ser alvitrada; e rapidamente o foi : Roriz renuncia e divulga que em seu lugar a sua mulher disputará a eleição a realizar-se daqui a dez dias. Coisa estranha para qualquer cidadão votante. Um candidato escolhido por uma convenção partidária e registrado na Justiça Eleitoral é substituído por outro nome indicado pelo candidato renunciante : o do cônjuge. É isso, uma autêntica solução tupiniquim. Conforme a lei ? Isso ainda se verá. Mas a solução alvitrada revela que esse assunto foi pouco criativo pois há precedentes no país e no exterior. Enfim, o fato é que no país dos coroneis tudo se resolve em família : candidatura é um negócio familiar. Daí colocar-se uma indagação : não existe aí, então, uma elite política que deseja ardentemente ser poderosa e manter o poder ? Por que ? E, em sua primeira manifestação, a esposa incisivamente declara que vai governar (se eleita, é claro) com seu marido. Ora, ora... Ora, dada a governabilidade Arruda precedente, o Distrito Federal parece que está mal, muito mal. Que os cidadãos locais, pois, procurem e encontrem o caminho politicamente correto."

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