Corrupção

6/6/2005
Paulo R. C. Lara - advogado – OAB/SP 52.348

"Aprofundadas investigações nos conduzem à constatação de que os escândalos brasileiros não são obra do acaso. O protagonista do escândalo anterior é sempre o mais importante suspeito por fazer vir à tona o fato novo, já que esse país não tem mesmo memória. Assim, quem explodiu o Shopping em Osasco foram os Anões do Orçamento; a queda do Palace II, no Rio de Janeiro, é obra dos engenheiros responsáveis por aquele Shopping; e o Sérgio Naya afundou o Bateau Mouche... Cada novo escândalo esconde o anterior e garante total impunidade aos protagonistas. Ou não? Saiu da mídia, tá limpo! Tem gente que ainda se escandaliza mas a amnésia coletiva se incumbe de insensibilizar a opinião pública. Cadê a Jorgina e o Hilton? E a grana? Onde foram parar o João "Deus-Me-Ajudou" Alves, o Genebaldo e os outros Anões (já esquecemos até os nomes, tá vendo?)? E o Sérgio Naya, por onde anda? Estranho, ninguém fala mais nada do Luiz "OK" Estevão, né? Cadê os nomes dos fraudadores que se utilizavam da conta "Beacon Hill"? Até o Maluf, parece que está na muda: não pia! Curioso...! O Lalau deve ter abocanhado, no máximo, uns míseros 20%, mas responde pelos 100%, ou não? E os outros? Na última safra, só para ficarmos nos doze meses pretéritos, tivemos a Anaconda trazendo à luz as patifarias do Rocha Matos e dos Irmãos Metralha; o propinoduto palaciano operado pelo assessor do Zé Dirceu; a tentativa de rapinagem nos Correios e Telégrafos; agora também tem o "mensalão" criado pelo PT, para comprar, a peso de ouro, consciências que não valem nada. Claro que deixamos de nos referir aos "pequenos" escândalos, coisa mínima, apenas com enfoque regional, como o desmatamento da Amazônia, a produção de notas frias dos prefeitos de Alagoas, o legislativo achacando o executivo no Centro-Oeste... Penso que o "Migalhas" prestaria um excelente serviço ao país se mantivesse no ar uma relação dos escândalos e o acompanhamento, ainda que sucinto, das apurações e punições dos culpados. De qualquer forma, a cada nova pouca vergonha, olho vivo nos responsáveis pelo escândalo anterior. O mordomo nem sempre é o culpado."

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