Crise no governo

29/6/2005
Thadeu T. de Freitas - engenheiro civil e rotariano

"O presidente da república prometeu, quando eleito, manter a estabilidade financeira do país e, além de promover o desenvolvimento, conseguir a tão sonhada inclusão social para as populações mais carentes. Os escândalos que permeiam o atual governo desde a primeira hora, impedem o crescimento econômico tão sonhado e prometido e desembocam, um ano após o caso Waldomiro Diniz, no caso Correios, IRB, Petrobrás e a tudo coroando, o mensalão. O senhor Inácio da Silva alega nada saber com relação às denúncias. Não se compreende a origem desta miragem claramente desmentida pelos seus próprios companheiros, senhores Dirceu e Delúbio. Nas palavras do senhor Dirceu "Eu faço o que o presidente manda e não faço nada sem o seu consentimento". Já do senhor Delúbio "O que eu fiz foi decisão partidária. Seu eu sair, vai ter de sair todo mundo". A conclusão que se tira das declarações de seus auxiliares é totalmente contrária à afirmação do senhor presidente quando diz que "Ninguém neste País tem mais autoridade moral e ética do que eu para fazer o que precisa ser feito". O senhor presidente, cuja inteligência e esperteza permitiram que de retirante miserável se tornasse o homem mais poderoso da república, não pode não saber o que acontece a partir da própria casa, o palácio do planalto. Essa afirmação é um insulto à inteligência de qualquer brasileiro. Já o senhor Genoino é mais sincero e diz que "o Brasil está diante de uma grande mentira". Está mesmo. É a grande mentira da corrupção, do uso das empresas estatais para servir os amigos, dos cargos de confiança que nos impõem o atraso que o país não merece e por que não, da inimputabilidade da corte governamental que nos sufoca, culminando com a ridícula negativa do presidente quanto à sua participação nos "esquemas". É nesse contexto que, às denúncias feitas pelo deputado federal Roberto Jefferson, recheadas de provas, soma-se à operação abafa da CPI dos Bingos e do caso Waldomiro Diniz, ao melancólico desfecho da CPI do BANESTADO, à concessão de status de ministro ao presidente do Banco Central, às denúncias contra o ministro da previdência Romero Jucá e põe nu o rei e sua corte. Lembremo-nos que tudo que o senhor Inácio da Silva prometeu, o senhor Collor de Mello também o fez, com a diferença que recebeu o país com uma inflação parecida com 5.000 por cento ao ano. Lembremo-nos que o senhor Collor de Mello foi escorraçado da presidência antes do término de seu mandato e o seu assecla todo poderoso, Paulo César, assassinado. A versão conhecida é a que o presidente vivia, economicamente, à custa de dinheiro desviado pelo amigo e tesoureiro de campanha. Lembremo-nos que os rumores de corrupção entre os seus associados começaram a circular no primeiro ano do seu mandato e, contra o próprio Collor não foram feitas acusações, até ao dia que o irmão do Presidente, Pedro, divulgou uma série de informações pela revista Veja que publicou um extenso dossiê, reunindo provas contra o senhor Presidente, apresentado pelo irmão Pedro. Estes fatos que se repetem agora com uma fidelidade impressionante ocorreram há menos de duas décadas. Devemos nos questionar se a nossa sociedade era mais aguerrida então, ou, o que parece mais razoável, hoje o controle social por parte do governo e dos partidos políticos, muito mais eficiente. Se não, onde estão os caras-pintadas que deveriam estar na Paulista? Estão omissos. Não foram vistos. Em vez de lá estarem, o que se vê são pedidos generalizados de apoio ao senhor presidente por parte dos chamados movimentos sociais, seja lá o que isto quer dizer. A presidência da república e o congresso nacional estão sob suspeita, em conseqüência de fatos muitas vezes mais graves do que aqueles que culminaram na dispensa do senhor Collor de Mello antes do fim de seu mandato. O que veremos, no entanto, é a continuação da compra de mandatos, sob o apelido de reestruturação ou recomposição da base parlamentar do governo e a punição exemplar de alguns pobres gerentes das estatais mencionadas e porque não, de algum publicitário desavisado. É hora de nova ação social que repita aquele exercício de cidadania que tanto orgulho trouxe ao povo brasileiro. O que se impõe, é varrermos este governo que aí está para limitar o dano, e, exigirmos a renovação da ordem jurídica que garanta isenção diante dos crimes ora cometidos pela corte governamental contra a sociedade brasileira, a privatização das estatais produtivas e a implantação imediata da contratação de funcionários públicos somente por mérito, somente. É a nova oportunidade de promover a tão sonhada república para beneficiar o povo brasileiro e não para continuar a alimentar essa corte corrupta que sufoca o Brasil."

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