Falecimento - Itamar Franco 7/7/2011 Alexandre de Macedo Marques "Estamos assistindo a mais um ritual delirante entre os muitos que caracterizam o pathos da Pindorama. O ritual necrófilo de transformar em santo, possuidor de todas as virtudes, o homem público que finda sua passagem terrena. O oba-oba hagiológico em torno da figura do ex-presidente Itamar Franco, de tão meloso e distante da verdade é, no mínimo, constrangedor de tão ridículo. E prova cabal de quão levianos são os meios de comunicação e frágil o entendimento do povo brasileiro. O finado político baiano/mineiro não possuía a maioria dos traços de personalidade que as carpideiras de ocasião expressam compungidas para solertes repórteres da TV e dos jornais. Muito pelo contrário. Um dos feitos que lhe são atribuídos mais distante da realidade é que ele foi a viga mestra do Plano Real. Não possuía discernimento nem formação para entendê-lo. Abriu, é verdade, espaço, por falta de opção, para o Ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso e para a equipe de economistas da PUC-Rio, arquitetos do Plano Real. Porém seu temperamento mercurial e sua fragilidade diante das críticas dos políticos do PT e seus economistas, da imprensa engajada e seus humoristas, várias vezes ameaçou implodir o Plano. Inúmeras vezes o Fernando Henrique correu ao Palácio para, com seu espírito conciliador e capacidade de convencimento, impedir que fizesse alguma declaração ou tomasse alguma medida ruinosa ao futuro das mudanças econômicas em andamento. Para mim ficam como lembrança do Itamar sua personalidade instável, seu ciúme infantil, sua inconstância de humor, sua matreirice rasteira, seu ego mutante entre inflado e contido. Que o levou a aliar-se ao PT na oposição ao Governo Cardoso e a desfilar no Carnaval do Rio com uma 'sem calcinha'. Enfim um Forrest Gump com molho de Macunaíma." Envie sua Migalha