Crise política

22/7/2005
Marcos José do Nascimento

"Eu indagaria acerca de quem, instituições ou pessoas públicas ou não, estariam interessadas em aprofundar as investigações, a ponto de mexer na estrutura do Estado brasileiro, como um todo? Quantos estariam interessados em mudar realmente esse panorama que não é de hoje? A situação estrutural parece apontar para uma realidade: ela independe de pessoas, posto que o poder de sedução do poder (relevem-nos a redundância) é quase como um canto irresistível de sereia. Sem uma estrutura forte de controle sobre a administração pública, sem mecanismos que previnam situações cinzentas, nas quais possam pairar dúvidas acerca do que lícito ou ilícito, sobre o que é ou não ético, temos mais um momento de perfumaria nessas investigações, que rendem bons índices de audiência, boas tiragens na imprensa escrita, especialistas dos mais experientes e mais novatos sobre política neste país (dos quais não tenho notícia alguma sobre crítica da estrutura de funcionamento do Estado brasileiro), meia dúzia de condenados, para os que não renunciarem antes de um processo, a exemplo do que fez o Ilustre Senador Antônio Carlos Magalhães e outros, e que hoje se arvora de uma ilibada conduta pública, mas que nada muda. Indague-se dos senhores parlamentares quantos e quais e em que quantidade detêm controle sobre cargos e funções de confiança na administração pública? Em que órgãos? Em que Poderes? Seria uma pesquisa interessante, bem a propósito do que tanto se alardeia nas tribunas do legislativo federal. Por que não acabar com as emendas parlamentares nos orçamentos públicos (nos três níveis – federal, estadual e municipal)? Por que não se acaba com a figura de vagas para Tribunais de Contas, com vagas cativas do Congresso (TCU) e das Assembléias Legislativas (TCE)? Aliás, por que não estabelecer concurso público para os Cargos de Conselheiros de Tribunais de Contas (federal e estadual), acabando, de vez, com as nomeações de caráter político? Esses exemplos são apenas alguns, no meio de tantos. E eu me indago de quantos partidos políticos e políticos que hoje sobem às tribunas do Senado e da Câmara Federal, que se utilizam dos holofotes dos canais legislativos estariam dispostos a enfrentar tais problemas? Penso que muito poucos, e que estes poucos, com certeza, não fazem parte do PFL, PSDB, PP e tantos outros que vivem às expensas dessas realidades."

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