Crise política

29/8/2005
Marcos José do Nascimento

"Os eventos que se desenrolam acerca dos escândalos envolvendo a administração petista, no plano federal, chamam-nos a umas reflexões: 01 - Há um comportamento, para não dizer curioso, senão comum, na oposição de hoje, que, longe que querer tomar para si a bandeira da ética, bandeira essa que parece nunca defenderam e nem estão interessados em defender, parece essa oposição regalar-se com o fato de dia após dia, aparecerem novos ângulos em toda essa história, mesmo que alguns não tenham sido, até agora, provados. 02 - Esta mesma oposição parece não estar interessada em aperfeiçoar os mecanismos de controle sobre o Estado, como um todo, de maneira a não se repetir os fatos hoje investigados. 03 - esta oposição conseguiu, de maneira eficiente, em passado bem próximo, abafar toda e qualquer investigação sobre os seus escândalos, assim como conseguiu um silêncio eloqüente da esmagadora maioria da imprensa, que hoje também parece regalar-se com os fatos que publica, sejam eles verdadeiros ou não. 04 - Parcela considerada dos decepcionados de hoje nunca votaram no PT, sentindo-se alguns até gratificados com os fatos que hoje ocorrem, como se esses fatos corroborarem-se com as suas previsões guardadas no íntimo de suas mentes. 05 - O tom monocórdio da imprensa, a unanimidade que se estabeleceu em torno dos fatos escandalosos hoje noticiados, parece não permitir levar ninguém à reflexão, como bem acentuou Marilena Chauí, havendo uma indústria de notícias e ângulos novos dos escândalos, sem que as pessoas reflexionem sobre o que está acontecendo, as suas origens e possíveis soluções, mesmo as pessoas de formação de nível superior, de quem se esperaria atitude diversa de apenas comentar o escândalo pelo escândalo, não se têm furtado a esse tipo de comportamento. 06 - Velhas raposas, para não dizer lobos, da política, algumas das quais, como diria Jessier Quirino, reservistas da ditadura, ou Leonel Brizola, filhotes da ditadura, hoje se apresentam como paladinos da moral e da ética, pelo discurso que fazem contra a corrupção, algumas das quais muito se beneficiaram do regime que durou de 1964 a 1985, quando não participaram também dos outros governos subseqüentes, só abandonando as tetas federais em 2002. O mais interessante em toda essa celeuma criada, baseada em fatos verídicos em alguns momentos, e noutros em fatos não provados, alguns dos quais até foram posteriormente desmentidos, é que redundará em quase nada tanto barulho, e parafraseando o sermão do bom ladrão de Padre Vieira, parece estarmos assistindo os grandes ladrões condenando os pequenos, ou ladrões que querem varrer os outros, a fim de que possam roubar sozinhos (quem sabe, em um futuro bem próximo)."

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