Protesto - Tarifa de ônibus

12/6/2013
Luiz Gustavo Rehder do Amaral

"Protestar é legítimo. Mas só é legítimo se o protesto for justificado, se tiver uma boa fundamentação para fazê-lo. Caso contrário, parte para o vandalismo e causa antipatia da população para com os protestantes (ou vândalos). E além de não resolver o suposto problema, causa danos ao patrimônio público e privado. É triste ver o que está a ocorrer nesses últimos dias aqui em São Paulo. Será que esse aumento da tarifa de ônibus justifica todo esse movimento? Não sei se é certo fazer a comparação abaixo, mas ... Em janeiro de 2011, o então prefeito Gilberto Kassab determinou o aumento da tarifa para R$ 3,00. Naquele mesmo mês de 2011, o salário mínimo foi estabelecido em R$ 540,00. Hoje, junho de 2013, a tarifa do ônibus passou para R$ 3,20, o que significa um aumento de 6,66%. E o salário mínimo atual é de R$ 678,00; comparado ao salário mínimo de janeiro de 2011, houve uma evolução de 25,55%. Concordo que o salário mínimo é uma vergonha, mas o que eu quero comparar é o percentual de aumento da tarifa de ônibus com o percentual de aumento do salário mínimo. Poderia comparar com o aumento de combustíveis. Ou com o aumento do preço dos pneus, peças automotivas. Até com o aumento do preço do tomate. Enfim, de janeiro de 2011 até hoje, tudo teve seu aumento. E, diante de tudo que vemos, não me parece que 6,66% seja algo tão abusivo, seja algo tão devastador como tem sido devastadores os protestos contra esse aumento. Ao assistir todas aquelas cenas de vandalismo, lembrei-me do movimento das "Diretas Já", nos idos de 1984. Lembro que no dia 16 de abril de 1984, eu era um entre 1.500.000 pessoas que, em passeata, saímos da Praça da Sé e fomos em direção ao Vale do Anhangabaú para ouvir diversos discursos, de políticos que já morreram e outros que vieram a se tornar presidentes do Brasil. Eram 1.500.000 pessoas numa festa democrática, Protestando pela volta das eleições diretas para presidente. Não houve confusão, não houve briga, não houve destruição. Assim ocorreu em todo o Brasil, comícios, passeatas. Tudo na paz. E com um objetivo justo e fundamentado. Mas, no dia 26 de abril de 1984, o Brasil, ou melhor, quase todo o Brasil, amanheceu de luto, pois na noite anterior a Emenda Dante de Oliveira, que previa a volta das eleições diretas, foi rejeitada na Câmara dos Deputados. E mesmo assim, ninguém saiu às ruas para depredar o patrimônio público."

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