Anamatra x JB 8/8/2013 José Domério "O texto aspeado abaixo, não é meu (Migalhas 3.178 - 7/8/13 - "Insatisfação" - clique aqui). Foi copiado do livro 'Infância', assinado por um cidadão de nome Graciliano Ramos, também autor de Memórias do Cárcere, no capítulo 'Venta-Romba'. Li-o na edição da Record, 16ª, de 1980, creio. 'Ofereceram a meu pai o emprego de juiz substituto e ele o aceitou sem nenhum escrúpulo. Nada percebia de lei, possuía conhecimentos gerais muito precários. Mas estava aparentado com senhores de engenho, votava na chapa do governo, merecia a confiança do chefe político, e achou-se capaz de julgar. Naquele tempo, e depois, os cargos se davam a sequazes dóceis, perfeitamente cegos. Isto convinha à Justiça. Necessário absolver amigos, condenar inimigos, sem o que a máquina eleitoral emperraria. Os magistrados de anel e carta diligenciavam acomodar-se, encolher-se, faziam vista grossa a muita bandalheira. De repente acuavam, tinham melindres que o mandão local não entendia e lançava à conta de má vontade. E lá vinham rixas, viagens rápidas, afrontas, um libelo contestado a punhal ou cacete. Enfim os bacharéis se aguentavam mal. Dispensavam-lhes obséquios, salamaleques - e desviavam-nos. Subsistia o juiz de Direito, que ordinariamente se ausentava da comarca'. Mudam as moscas." Envie sua Migalha