Mestre Rui Barbosa

12/12/2005
Pedro Luís de Campos Vergueiro - Procurador do Estado de São Paulo aposentado e advogado

"Ruy Barbosa sob a ótica do poeta Bastos Tigre. Sempre é oportuno lembrá-los por suas respectivas qualidades. 

'Credo Político

 

Oração de Ruy Barbosa transposta em versos por Bastos Tigre.

 

Creio na liberdade eterna e onipotente,

Criadora das nações felizes e robustas;

Creio na lei que é a sua emanação potente,

Seu órgão capital, broquei das causas justas.

Creio que soberano é somente o Direito,

Pela interpretação dos livres tribunais;

Que o povo soberano, ele próprio, é sujeito

Às delimitações das fórmulas legais.

Foi ele que se criou, num momento inspirado

De amor e culto à lei, suas constituições,

Em garantia contra o impulso desregrado

Das desordens mentais, das insanas paixões!

Creio que, por confiar-se ao regime da força,

A República desce e tombará na liça.

Que ela não quebre a lei e a justiça não torça

E, antes, acate e eleve o culto da justiça!

Porque, da sã justiça é que nasce a confiança,

Desta, a tranquilidade. E, da tranquilidade,

Surge o trabalho. E vem , do trabalho, a abastança

Que é crédito, é vigor, é respeitabilidade.

Creio que, governando, o povo, o próprio povo

Desse governo a base é a nacional cultura.

Fornecer-lhe o saber prestígio sempre novo

Que sua força moral legítima o assegura.

E creio no evolver da Pátria pelo ensino.

Abram-se, em seu favor, as arcas do Tesouro!

Jamais teve o dinheiro um mais nobre destino:

O ouro, assim, se transmuda em cataratas de ouro!

Creio na forte voz sem fúrias, da tribuna.

Creio na tolerância e na moderação

Porque sei que a verdade é irrefutável e una.

E creio da razão na força irredutível.

Creio na disciplina e creio no respeito.

Creio na tolerância e na moderação

Com que o forte, de corpo e espírito perfeito,

Triunfa de si próprio e da própria paixão.

E creio no progresso e na sua ascendência!

Creio na tradição em que ele assenta as bases.

No insuprível valor, creio, da competência

E na impotência hostil, fatal, dos incapazes!'"

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