Situação dos índios Guarani-Kaiowá 6/1/2006 Valfrido M. Chaves - pantaneiro, psicanalista "Agenda do diabo? É muito intrigante para uma pessoa honesta e de bom senso, quando uma problemática sangra sua comunidade e, havendo todas as condições da ferida ser sanada, as soluções são boicotadas e o sangramento não é estancado. Parece coisa agendada pelo diabo. Um exemplo entre nós são os 'conflitos indígenas', que se manifestam com a perpetuação das condições de vida desumanas de nossos índios e a exploração indecente dessa situação para estabelecer conflitos desagregadores com a comunidade de produtores rurais. Com isso, se impede que índios e produtores somem esforços na busca de soluções concretas e justas para ambos, as quais só dependem da vontade política do Estado brasileiro. O desejo de perpetuação da miséria indígena se manifesta, por exemplo, através do engavetamento do projeto e perda de recursos financeiros destinados ao plantio de mais de um milhão de árvores nas áreas indígenas. Plantar-se-ia erva mate em áreas Guarani e caju/manga em áreas Terena, com renda prevista de 1.500 reais por hectare, com o plantio da erva mate. Neste momento lembro-me do cacique Pareci, em Cuiabá, gritando que 'índio não quer cultura de barriga vazia, quem quer índio miserável é ONG que pega dinheiro do estrangeiro e que nunca chega para o índio'... Entre nós, aqui vemos nas páginas do Processo 001 02 021449-7, Terceira Vara Civil na Comarca de Campo Grande, documento sobre 60.000 dólares remetidos do exterior para entidade brasileira promover 4 invasões indígenas em território brasileiro, em nossas fronteiras. Além de lucrativa para os receptores, a prática expõe a conivência de autoridades brasileiras, Estaduais e Federais, com a ação impatriótica e propiciadora da violação de direitos e conflitos entre brasileiros. Sem o conflito, a 'mina' se estancaria, caro leitor. Além disso, com as invasões, se tenta consagrar um modelo de solução, ou seja, a violência e violação de direitos, como forma de resolver pendências. Há, pois, uma evidente agenda ideológica inspirando financiadores e promotores da miséria e invasões uma vez que índio plantando e em condições de vida digna não serve a tais propósitos. Nesse contexto, a atuação de Procuradores Federais nos parece facilitadora dos conflitos verificados, em função de uma visão infantil que os mesmos parecem ter da problemática. Infantil, na medida em que é próprio das crianças verem o mundo dividido entre 'bandidos' e 'mocinhos', como nos seriados que assistem nas 'matinês' infanto-juvenis. Embora o Ministério Público tenha como tarefa 'a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais homogêneos', alguns Procuradores têm mostrado total despreparo em harmonizar a defesa dos índios com o restante da sociedade brasileira, revelando uma visão parcial, simplória e injusta sobre uma realidade complexa. Conseqüentemente, cidadãos brasileiros decentes têm sido discriminados e tratados como 'bandidos', enquanto índios têm sido induzidos à prática de violência por terceiros, mas são tratados como 'mocinhos', como se autorizados fossem àquelas ações. Com isso, se encobre as falhas e omissões do Estado brasileiro que são, de fato, as grandes responsáveis pelo que acontece, inclusive a morte de inocentes. Enquanto isso, produtores rurais tornam-se os bodes expiatórios da situação toda. Muitos estão felizes com o impasse, violência e mortes pois, conforme sua cartilha, é 'aguçando os conflitos' que se caminha para o futuro. Nesse contexto, seria justo, leitor, perguntar: qual seria a agenda de alguns Procuradores Federais nesse malfadado encaminhamento?" Envie sua Migalha