Eleições 2006

19/1/2006
Paulo Castelo Branco – advogado, Paulo Castelo Branco Advogados Associados

"Os alckmistas estão chegando. Um dos princípios fundamentais da alquimia é de que: 'o que está em cima é como o que está embaixo, e vice-versa'. Deve ter sido com este fundamento que o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin entrou no ringue da eleição presidencial com vontade de ganhar a disputa. O problema é que o seu maior adversário está entre os seus aliados: José Serra. O prefeito da capital vinha se insinuando como o candidato preferido do PSDB e está na frente do presidente Lula nas pesquisas de opinião. Serra tem se saído bem à frente da prefeitura e sabe que o tempo é seu inimigo; se não for candidato novamente, dificilmente terá outra oportunidade de governar o País. Em 2010, encontrará o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, preparado cuidadosamente para ocupar o lugar que foi de seu avô Tancredo Neves, que não teve saúde para assumir a Presidência da República. A frustração nacional com a morte de Tancredo colocará Aécio no patamar dos favoritos nas futuras eleições, e Serra, pela idade e desgaste natural da atividade pública, estará distante do Planalto. Alckmin foi o grande articulador da campanha de Serra à prefeitura de São Paulo; desdobrando-se para a eleição do correligionário, conseguindo do candidato a promessa de ficar na prefeitura até o fim do mandato. Serra, em toda sua carreira política, tem demonstrado ser homem de palavra e, com certeza, não deixará de cumprir seu compromisso com os paulistanos e com seu companheiro de legenda. Os movimentos de Serra, em campanha disfarçada, assustou Alckmin, que resolveu deixar de lado o seu passado de conciliador e colocou sua candidatura, pelo PSDB, nas ruas. O apoio que vem recebendo de diversos setores da sociedade renova suas esperanças, e as pesquisas eleitorais, que forem realizadas sem o nome de Serra, o colocarão no páreo com Lula. O governador paulista, discípulo fiel dos ideais de Mário Covas, tem demonstrado força pessoal nas graves decisões que tomou no exercício do mandato. Na luta diária contra os bandidos que assolam o território paulista, Alckmin não titubeia no confronto e, sem medo, determina medidas repressoras para conter o ímpeto dos criminosos. A demolição do Complexo do Carandiru, no centro da Capital, foi uma das medidas mais corajosas de sua gestão, e o apoio que dá ao seu secretário de segurança pública, Saulo de Castro, demonstra que o poder público não está omisso na tarefa de garantir tranqüilidade à população. Um outro médico já governou o Brasil e também chegou ao poder com a ajuda de amigos que confiaram na capacidade de aglutinação e liderança do jovem que saíra de Diamantina, em Minas Gerais, para se transformar no mais importante dos presidentes brasileiros: Juscelino Kubitscheck. O governador paulista, com seu jeito meio caipira, é político desde os 19 anos de idade e sua carreira segue os caminhos preconizados por todos os manuais de política. Aos 54 anos, Alckmin é símbolo da juventude que se fez na redemocratização do Brasil e exerceu seus mandatos dentro dos princípios éticos e morais que devem prevalecer na atividade pública. Geraldo, o alquimista, colocou no seu cadinho os ingredientes, ensinados por Zoroastro, 'da ciência misteriosa que exige muita justeza, exatidão, perspicácia na observação dos fatos, espírito são, lógico e ponderado, uma imaginação viva sem exaltação, um coração ardente e puro. Exige, além disso, a maior simplicidade e absoluta indiferença em relação às teorias, sistemas, hipóteses que, fazendo-se fé nos livros ou na reputação dos autores, se admitem geralmente sem controle. A ciência misteriosa deseja que os aspirantes aprendam a pensar mais com o seu cérebro e menos com o dos outros. Pede-lhes, enfim, que procurem a verdade dos seus princípios, o conhecimento da sua doutrina e a prática dos seus trabalhos na Natureza'. Se os alckmistas, respeitando esses princípios, assumirem o poder, o Brasil voltará à sua poção mágica."

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