Desmoralização da classe política

27/3/2006
Wilson Silveira - CRUZEIRO/NEWMARC PROPRIEDADE INTELECTUAL

"Era setembro de 2005, quando Roberto Jefferson, após ter sido cassado, vaticinou: 'Eu serei o único cassado. O STF começa a protelar, o PSDB e o PT se ajeitam em acordos para não investigar os fundos de pensão em troca do salvamento da pele dos tucanos envolvidos com o valerioduto'. Pode-se dizer tudo sobre Roberto Jefferson, menos que não seja antenado, ou que não conheça seus pares e a forma corporativa e ignóbil de agir do Congresso Nacional. Os deputados, pensando no seu próprio interesse, sempre mesquinho e baixo, justificam um, aceitam explicações torpes de outro, negociam aqui e ali e todos os corruptos vão sendo, um a um, absolvidos. E tudo volta à normalidade, entendendo-se como tal esse estado de coisas aético, desonesto e absurdo a que nos empurram nossos nobres parlamentares. E uma coisa é certa: para esse estado de coisas, colaboram, sem dúvida, os outros poderes, cada qual ocupado com o próprio umbigo. E colaboram, também, os eleitores, que votam mal e colocam a nos representar esse tipo de gente, cujo único interesse, além das benesses que possam alcançar, é mantê-las via sucessivas reeleições. Só para lembrar, não pretendendo de forma alguma justificar Roberto Jefferson, mas apenas para deixar claro o modo de agir de nossos políticos, aquele deputado, ao contrário dos absolvidos, não apareceu em nenhuma lista de recebimentos do Banco Rural, não estava na agenda da secretária Fernanda Karina e nem na lista dos beneficiados pelo valerioduto. O mesmo se diga com relação ao outro cassado, o José Dirceu."

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