Desmoralização da classe política

31/3/2006
Olavo Príncipe Credidio – advogado, OAB 56.299/SP

"Sr. Diretor. Li no Migalhas (1.384) de hoje, 30/3/2006.

'Enfim

 

Depois de quase 10 meses de investigação, a CPI dos Correios confirmou ontem a existência do mensalão e pediu o indiciamento de mais de cem pessoas, incluindo o ex-ministro José Dirceu, o ex-secretário de Comunicação de Governo Luiz Gushiken e o senador do PSDB Eduardo Azeredo.'

Não sei de quem partiu a frase acima; mas ela não tem conteúdo, absolutamente. Li e ouvi o que disse o ex-Deputado Jefferson. Disse que os congressistas corruptos recebiam mensalmente quantias (entendam como quiserem) para votar com o governo. Analisando o termo mensalão, ele foi criado para justificar o recebimento mensal, apesar de ser uma excrescência vocabular, substantivando um adjetivo,.. pois mensal não admite absolutamente grau, e muito menos substantivo 'in casu'... Ouvi o Deputado Serraglio, autor presidente da CPI, e ele, ao falar no termo mensalão, não afirmou absolutamente que os pactuadores dos recebimentos irregulares recebiam mensalmente; mas inclusive disse para não confundirem mensalão com corrupção, ou caixa 2. Por que então a afirmação acima, generalizando o termo? Depois, incluir o ex-Ministro José Dirceu, o ex-Secretário Gushiken e o Senador Eduardo Azeredo em mensalão? Eles recebiam mensalmente; ou pagavam mensalmente: como corruptores ativos ou corruptos passivos? Sem dúvida, esse termo criado foi de uma infelicidade total e não sei porquê continuam insistindo nele. Provaram mensalão? Provaram coisa nenhuma: provaram corrupção, isto sim, seja ela de caixa 2 ou seja o quê ela representou. Todo termo aplicado a um fato deve ter substância fática, jurídica e semântica e, pelo visto, os senhores Congressistas estão fora não só da gramática; mas da hermenêutica, logo deveriam ficar circunscritos ao que lhes cabe fazer, na sua pequeneza política, política: politicagem 'data venia'."

Envie sua Migalha