Lula

9/11/2015
José Fernandes da Silva

"Caro Pedro Luiz, digo-lhe, com absoluta convicção, que não há nada de estranho nisso. Todos sabemos de onde veio o dinheiro utilizado na compra do apartamento. O que é verdadeiramente estranho é o fato de que os 'desviadores de verbas públicas', quando pegos com a boca na botija, dizem candidamente que não sabem de nada e... fica tudo por isso mesmo! Se você advoga, sabe muito bem que, na Justiça, não basta alegar. Se você diz num processo que um fato aconteceu e não apresenta a prova, é o mesmo que não dizer nada. Ou, pior, é falso testemunho se a outra parte provar que você sabia. Mas, no caso do filho de Lula, por exemplo, ele foi depor no inquérito e simplesmente disse que a dinheirama que 'apareceu' nas suas contas foi fruto de 'serviços prestados'. Muito bem, competia ao investigador exigir dele as provas. No caso, notas fiscais de serviços prestados, devidamente discriminada, com os valores, a data, o CNPJ da prestadora, o canhoto assinado e datado, etc. No entanto, ninguém, especialmente da imprensa (que se autointitula 'investigativa') sequer cogita dessas provas. Eu tive, na minha banca (é apenas um exemplo), um cliente que, cobrado para pagar uma certa importância que recebera pela venda de um carro (ele é revendedor de veículos), me procurou para defende-lo, dizendo que entregara o numerário, jurando de pés juntos. Quando lhe assegurei que somente com a exibição do recibo firmado pelo credor é que poderia contestar a ação, ofendeu-se dizendo 'o senhor não acredita em mim?'. Claro que, ao final, foi condenado a pagar sim aquela importância que houvera embolsado ilegalmente. Nesses procedimentos da Lava Jato e de outras ações penais, os acusados dizem o que querem (vide Vaccari Neto) e ninguém os cobra de prova nenhuma. Sequer buscam as provas contrárias às afirmações. Não dá para aceitar tanta desfaçatez."

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