Falecimento Celso Neves 20/4/2006 Adauto Suannes "Deu no Migalhas (1.396 – 19/4/06 – "Falecimento"): 'Faleceu ontem à tarde o Professor Celso Neves, aos 92 anos. Professor Emérito da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, era casado com d. Dulce Braga Neves. Deixa filhas, netos e bisnetos. O corpo está sendo velado naquela Faculdade, de onde sairá o féretro hoje, às 16 horas, para o Cemitério da Consolação.' E deu no 'Menas Verdades (Causos forenses ou quase)': 'E dentre outros condenados ao degredo ali chegou ao mesmo TACrim certo juiz que se orgulhava de haver sempre sido promovido por antigüidade, juramento que fizera quando, juiz substituto que era e que havia ingressado na carreira em terceiro lugar no concurso respectivo, coisa que não dizia muito de seus conhecimentos jurídicos uma vez que a banca composta por fulano sicrano e beltrano mais o jovem professor Celso Neves o havia tratado com enorme fidalguia depois que o terror da banca que era justamente o mencionado representante da Ordem dos Advogados perguntou assim ao tal candidato e primeiro por ordem alfabética a ser inquirido: fale-me sobre o princípio da efetividade! ato contínuo recostando-se o tal processualista no espaldar alto da cadeira, olhar superior, a esperar o modesto candidato dizer não sei, Excelência! nunca ouvi falarem disso na minha já longa vida! onde estava o Luiz Eulálio de Bueno Vidigal que não nos ensinou nem a mim nem ao Cândido Rangel Dinamarco nem ao Ítalo Antonio Fucci nem a tantos outros alunos seus dele Vidigal uma coisa importantíssima dessas durante os quatro anos em que entrava ele Vidigal na classe, tirava o relógio do pulso e, a desmerecer os esforços do Santos Dumont junto ao Cartier, o colocava, falo do relógio, sobre a mesa para dar uma aula com começo meio e fim, o que fez ano após ano! onde estava? ou então: puxa que bom termos aqui um processualista tão atualizado como o senhor digo Vossa Excelência para aprendermos algo tão importante como isso que acaba de me ser perguntado, conhecimento indispensável para a carreira de um juiz que se preze! Mas não é que o raio do candidato que certamente não tinha mais nada o que fazer na vida resolvera ler um dos rodapés do manual de processo civil do José Frederico Marques e lá aprendera que princípio da efetividade é aquele que? E olha o professor Celso Neves endireitando o corpo que traz aqui para a frente braços dobrados a apoiarem-se na mesa, tal o peso da surpresa, e brinda o candidato com um sonoro muito bem! muito bem! e o sortudo candidato passa a partir daí a ser tratado pela erudita banca como se já fosse alguém digno de ombrear-se com homens como o Márcio Martins Ferreira, o Hildebrando Dantas de Freitas, o Ulisses Dória e fosse mais alguém que fosse imagine-se só dar um xeque desses nesse processualista brilhante como era e ainda é o mesmo Celso certamente bem mais velho e seguramente menos arrogante? Pois o fato de haver ingressado em terceiro lugar jamais lhe significou ao tal juiz coisa alguma na carreira porque as promoções por merecimento eram dependentes de apadrinhamento político e ele tinha lá seus princípios éticos, poucos, é verdade, mas os tinha!' À família do querido professor Celso Neves, a expressão do meu pesar." Envie sua Migalha