Governo Temer

9/5/2016
Alexandre de Macedo Marques

"O viés nacional de reduzir tudo a um jogo de fantasias de adolescentes escapistas é o maior risco que corre o governo Temer. Em vez de reconhecer que as graves decisões na ordem econômica, a serem cooptadas pelo Congresso, exigem sensíveis negociações políticas com uma boa parte da Câmara e do Senado. Isto é com os partidos existentes e a sua realidade, no que tem maus usos e costumes, ou não. O afastamento, do Palácio do Planalto, da Dilma, do papa negro da Silva e do PT , não alteram a qualidade , má, do tecido político pátrio. E é com esse material que o futuro presidente Temer tem que se compor para ter suas propostas de recuperação econômica aprovadas no Congresso. Não há outra saída. Mas o que se vê? Críticas e mais críticas por que ele está tentando cooptar e negociar com partidos que, a bem da verdade, não são nenhuma pureza. Critica-se o Temer por isso como se fosse possível outra alternativa, um outro Congresso e partidos para negociar. A meu ver só nos resta exigir que, seja qual for a composição do Ministério e seus partidos, com pecados originais ou não, tenha o governo uma maneira de conduzir o país totalmente diversa da canalhice petista. Que a política econômica seja conduzida com seriedade e respeito a princípios saudáveis e respeitáveis. Tudo o mais são fantasias. Não é possível o milagre de transformar a massa de políticos pouco sérios em santos apóstolos. Mas é possível reduzir o campo de manobras, tão largo e indecente nos tempos petistas. Que não tenhamos um presidente da República venal e desprovido de carácter. Que o Palácio do Planalto não seja um balcão de vendilhões onde se negociam de Medidas Provisórias a triplex's, sítios empresas e obras públicas. Acho que o Temer merece esse crédito de confiança. Deixem-no negociar com os políticos, os nossos políticos, eleitos com o nosso voto e que representam os nossos muitos defeitos e virtudes escassas, a fim de assegurar o apoio às reformas econômicas e estruturais que o país necessita para não naufragar dolorosamente. O Temer não tem outros políticos para negociar a não ser esses que nós enviamos à Câmara e ao Senado. O tumor maligno - PT, Dilma e Lula - será removido do Palácio do Planalto. Mas as metástases CUT e base sindical, UNE, ONGs a soldo, funcionalismo público viciado em benesses, Estado aparelhado, o PT e PC do B no Congresso, os chamados movimentos sociais (na verdade guerrilheiros urbanos mercenários) estão dispostos a tudo para preservar os seus privilégios. Todos os dias próceres do PT no Congresso ameaçam incendiar o país. Portanto vamos dar ao Temer um crédito para que, apesar da má qualidade dos políticos com que terá de compor-se, possa com a ajuda de meia dúzia de indivíduos competentes e sérios dar início à recuperação do país. Porque ou isso ou a ruína. Como diria o Deepack Chopra, médico e filósofo indiano, isto é isto, e isto é o que temos."

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