Morre John Kenneth Galbraith 3/5/2006 Aristoteles Atheniense - Vice-Presidente da OAB Nacional "O inconformado John Kenneth Galbraith. A morte do economista John Kenneth Galbraith, no sábado último, aos 97 anos, desfalcou o mundo de um dos mais consagrados intérpretes da ciência, a que se dedicou com inexcedível talento. Ao longo de sua vida exemplar, assistiu à queda da bolsa de Nova York, em 1929, que provocou a depressão dos anos 30. Como consultor do Presidente Franklin D. Roosevelt, contribuiu para a política denominada 'New Deal' destinada a reativar a precária economia norte-americana. Devido à sua formação liberal, Galbraith foi acusado pelo macartismo de associar-se à esquerda, como opositor da teoria neoliberal. A sua maior característica foi a de levar a economia ao grande público, e, não, à intelectualidade e ao mundo acadêmico. Nascido no Canadá, naturalizou-se norte-americano. Conheceu John Kennedy, quando o futuro presidente ainda era estudante em Harvard, onde Galbraith lecionou. As posições de Galbraith eram de tal modo apreciadas pelo Presidente Kennedy, ao ponto deste insistir em ler pessoalmente todos os telegramas diplomáticos enviados da Índia, mesmo que não lhe fossem dirigidos. Criticou severamente a crescente intervenção americana no Vietnã, tendo sido anteriormente nomeado embaixador de Kennedy na Índia (1961/1963), onde criou diversas faculdades de computação no Instituto Indiano de Tecnologia, em Kanpur, Uttar Pradesh. Tornou-se mundialmente conhecido com a série de televisão britânica denominada 'A Era da Incerteza', em que defendeu a necessidade da sociedade tornar-se mais humana e justa, voltada para o bem estar de todos, para o equilíbrio ambiental, igualdade racial, assegurando oportunidades aos menos favorecidos na conquista de uma vida compensadora. A sua obra 'A Sociedade Justa' tem uma introdução à edição brasileira, em que enfatizou questões como educação, o meio ambiente e a inflação, exortando o Brasil a assumir o seu verdadeiro papel no sistema econômico global. Segundo Galbraith, os países mais desenvolvidos comumente produzem bens inúteis, apenas com o objetivo de promover o seu crescimento material, enquanto que as necessidades públicas são deixadas a margem. A morte do notável economista que sempre se preocupou com o desenvolvimento do Brasil, onde esteve por diversas vezes, mereceu o registro de toda a imprensa mundial. Tendo sido consultor de todos os presidentes democratas desde Franklin Roosevelt até Bill Clinton, como era de se esperar, não houve de parte do Presidente George W. Bush uma referência à altura de sua obra. Galbraith tornou-se admirado pela fidelidade às idéias que abraçou, mesmo arrostando a incompreensão de seus opositores que viam nele uma ameaça permanente e, não, um cidadão preocupado com a solução das crises mundiais." Envie sua Migalha