Vaquejada

16/11/2016
Abílio Neto

"O presidente do TJ/AL afirmou: 'A prática da vaquejada é uma manifestação cultural tradicionalíssima do povo nordestino'. Já foi. A vaquejada, assim como o forró de raiz, mudou bastante. Deixou de ser uma diversão de vaqueiros para se transformar em festa de cowboys do asfalto em disputa de prêmios e de moças exibidas dançando montadas em cavalos possantes e usando roupas cafonas, mas na moda para esse tipo de evento. A vaquejada cultural existe apenas nos grotões do Nordeste. Por interesses de investidores diversos, foi promovida para indústria do entretenimento nas zonas urbanas. E aí é inegável que dê uma sacudida na economia dos municípios. E mesmo proibida, a vaquejada nunca deixará de existir, assim como o jogo do bicho, porque o povo dará um jeito de descumprir a lei, conforme o que pregava o mais aclamado e esclarecido déspota da política nordestina, o pernambucano da cidade de Limoeiro, Francisco Heráclito do Rego, muito mais conhecido como coronel Chico Heráclito. Este personagem foi imortalizado na televisão pelo comediante Chico Anísio como 'Coronel Limoeiro'. Todo-poderoso no agreste de Pernambuco, ele costumava dizer: 'Meu filho, aqui no sertão a lei é como cerca: quando é forte a gente passa por baixo; quando é fraca a gente passa por cima. Seja como for a lei, por ela a gente passa'. O poeta Zé Marcolino imortalizou a vaquejada cultural em versos e Luiz Gonzaga musicou a poesia 'Serrote Agudo', música lançada em 1962 em disco de vinil."

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