Lava Jato

8/5/2017
Wagner Cardeal Oganauskas

"Sou advogado e milito em Curitiba desde 1994 (Migalhas 4.104 - 4/5/17 - "Editorial"). Malgrado todo meu esforço intelectual deixei de compreender em toda a sua extensão o editorial de Migalhas, principalmente o trecho que afirma: 'Enfim, o Supremo terá pela frente uma assentada histórica. Para uns, está em jogo o modus operandi dos meninos de Curitiba. Para outros, que olham com olhos de ver, o que se discute é a sobrevivência do mais importante instrumento de garantia individual, o sagrado habeas corpus. Ou, em outras palavras, se o Supremo é o Supremo, ou se o Supremo é Curitiba'. Estaria esse rotativo desmerecendo a capital das araucárias ao utilizar tom tão pejorativo? Ou será que estaria apenas zombando dos curitibanos que lidam com o Judiciário? Ou ainda, estaria ferindo a moral dos profissionais que se empenham em manter vivas as esperanças dos jurisdicionados trabalhando na Lava Jato, sabendo-se que esse trabalho está sendo esmagadoramente referendado nas instâncias superiores? Como sinceramente não acredito na critica barata, prefiro interpor tempestivamente os aclaratórios, sugerindo uma emenda que esclareça aos leitores o sentido que se pretendeu dar ao editorial. Não convém por a mão no fogo por ninguém, ainda mais quando se fala de bilhões e milhões como se fosse troco do almoço. Mas entre os que receberam a propina e dizem nada saber do dinheiro na própria conta bancária ou na cueca, e aqueles que procuram a punição dos primeiros, fico com os algozes. O que eu gostaria era que algumas migalhas fossem lançadas na direção daqueles ministros que permitiram a soltura dos bandidos. Não vislumbro nas decisões qualquer interesse no bem do Direito, mas a decisão mostrou-se contraditória com outras de igual jaez, proferidas pelos mesmos ministros. Minha experiência jurídica indica que quando algo assim ocorre significa que outros interesses, quase sempre pouco nobres, estão sendo sopesados. Daí eu pergunto, com a mesma ironia utilizada pelo editorial para decair Curitiba e curitibanos: não estariam os ministros decidindo em causa própria? Seguindo os trilhos do desmonte provocado pela Lava Jato ninguém disso pode duvidar inteiramente. Por isso, natural voltar com outra pergunta: os editorialistas do Migalhas põem a mão no fogo pela retidão daqueles três ministros? Duvido. Se não põem a mão no fogo por aqueles, não podem desmerecer os que se esforçam por uma sociedade mais justa, realizando um trabalho que até então ninguém teve coragem de iniciar e que está referendado pelos diferentes tribunais do país. Senhores, ajudem a fazer um novo país. Nunca tivemos oportunidade melhor de deixar um Brasil diferente para as novas gerações. Ajudem a acabar com os desmandos de quem pensa que é dono do Brasil e de suas riquezas."

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