Semântica 9/6/2006 Olavo Príncipe Credidio – advogado, OAB 56.299/SP "Sr. Diretor de Migalhas. Na preparação de meu dicionário português-latim, hoje, esbarrei com a palavra ruim e procurei saber sua origem, de onde, de que vocábulo latino ela adveio. Cheguei à conclusão de que teve origem no vocábulo ruere>ruína>ruinu (latim vulgar ibérico) = desmoronamento, fundamentando-me no Dicionário do Aurélio; e no Dicionário Morfológico da Língua Portuguesa dos Professores Ewaldo Heckler, S.J., Sebald Back e Egon Massing. Não existe, pois, no latim o vocábulo ruim; existem ruína e ruinosus, a, um. Na tradução de ruim, dos dicionários que se dedicam a traduzir os termos do português para o latim, são indicados malus (mau) e dolosus (velhaco), que obviamente não são a mesma coisa. Por que a minha curiosidade? Porque sou um estudioso da semântica e vira e mexe refiro-me à ela nas minhas exposições, principalmente quando me refiro a interpretações jurídicas dos senhores Juízes, quanto às leis. Essa palavra ruim (adjetivo) que, como disse, não advém senão do latim vulgar, na hora em que esbarrei nela e procurei a etimologia, lembrei-me da confusão com que é empregada. Então procurei relacionar o termo com a palavra mau. Por exemplo, dizendo ele é ruim = mau. Semanticamente poderia referir-me, por exemplo, na expressão: Ele é um homem ruim, como de mau caráter? Obviamente não poderia. Ruim, semanticamente não é sinônimo de mau (adjetivo) e nem tampouco de mal (advérbio). Tampouco admite no superlativo os termos péssimo e malíssimo, porque péssimo e malíssimo são superlativos de mau e não de ruim... Lembrei-me desse termo, ao esbarrar nele, porque na linguagem popular, hoje, confundem-se. O próprio Dicionário Aurélio diz da confusão, na interpretação, misturando tudo. Bem, a língua é um fato vivo e ela evolui no dia a dia; porém cabe aos juízes, que não são lingüistas, no momento de interpretá-la a obrigação de traduzi-la o mais fielmente possível, a fim de evitar possíveis conflitos e danos futuros, para o que os congressistas não prevêem ao redigirem as Leis. Deveriam, por essa razão ter um órgão de lingüistas, que se ativesse, antes de editá-las, pois é uma das grandes dificuldades, e o porquê me atenho à semântica e à necessidade de se aterem a ela antes de tudo, nas interpretações... Atenciosamente" Envie sua Migalha