Crime do Papai Noel

13/7/2006
Miriam Lima Panighel de Campos Carvalho

"Conheço a Renata Guimarães Archilla já desde os primeiros dias de sua vida. Sua mãe, Yarinha, tão bela quanto a rainha das águas, era moça de caráter ilibado. Nascida de família com sólidos princípios, foi excelente filha e mãe. Assim também é a 'Renatinha', pois quem sai aos seus não degenera. De certa forma, sua história lembra-me uma dessas sagas famosas criadas pelas mentes dos grandes escritores. Mas, longe se ser mera ficção, de fato é uma triste realidade. Só quem viu, conviveu e sofreu junto é que pode testemunhar a fé e coragem dessa família que jamais deixou de lutar pelo que lhe era de direito. Não entrando no mérito do crime, sinto-me no dever de deixar aqui a minha 'migalha' (no sentido lato e estrito da palavra) movida, não só pela amizade de longos anos, mas principalmente, pelo sentimento de solidariedade e amor. Com apenas dezesseis anos, após ferrenha e desgastante luta judicial em que, entre inúmeras humilhações, teve de passar pela pior delas, a de ser submetida a vários exames de DNA, Renatinha se viu órfã. Vítima de um câncer contra o qual lutou de todas as formas com invejável coragem, sua mãe morria precocemente, mas vitoriosa. Com a certeza de que a Justiça fora feita: a amada filha teve seu direito respeitado. O Judiciário, baseado nas provas irrefutáveis, declarou-a filha do pai que sempre a renegou. Mas, mal começava seu drama... Não tendo a presença e o amor do pai desde cedo, e depois, o da mãe, Renatinha, que já havia redirecionado toda sua carência e afetividade aos avós maternos, deles tornou-se ainda mais dependente. No avô, teve o pai e um grande companheiro; na avó, a extensão da mãe e de melhor amiga. Entretanto, como se não lhe bastassem as adversidades de até então, eis que a vida lhe reservava mais um embate: quando tudo parecia se estabilizar, o avô, pai e companheiro, perdeu a batalha também contra o câncer. E seu mundo desmoronou outra vez... De novo fora-lhe arrebatada mais uma vida imprescindível para o seu equilíbrio emocional que, com a dedicação da avó, tios, parentes e amigos, aos poucos recuperava. Naquela tarde de dezembro, ao ser atingida por três tiros de balas 'dumdum', certamente o querido Guima (o avô materno) e a bela Yarinha haviam descido do céu para, de alguma forma só conhecida pelos anjos, protegerem a vida da Renata fazendo com que ela sobrevivesse ao impossível. E ontem, durante o julgamento do facínora que tentou matá-la, não há dúvidas de que ambos voltaram à terra para iluminar a sabedoria dos jurados e da juíza que, com sua brilhante sentença, condenou o acusado (Migalhas 1.452 – 12/7/06 – "Migas – 7" – clique aqui). Querida Renatinha: acabou a contenda: você venceu! Permita Deus que, doravante, essa família tenha a paz merecida... A Justiça nunca falha."

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