Baú migalheiro

8/3/2018
Antônio Venancio de Sousa

"Na edição 4.309, de 6/3, o nosso prestigioso e admirado Migalhas traz matéria sobre a nossa Revolução Pernambucana de 1817 cometendo, porém, um lapso histórico ao atribuir como causa do movimento, principalmente, pela crise econômica regional após a expulsão dos holandeses (Migalhas nº 4.309 - 6/3/18 - "Baú migalheiro" - compartilhe). Ora, a expulsão dos holandeses ocorreu em 1654, ou seja, mais de 160 anos antes e portanto não pode ser atribuída como motivadora de uma República que tomou o poder por cerca de dois meses em 1817, com ideais e reduzindo os excessivos impostos que eram cobrados pela Coroa em prol de outras causas e regiões, contrariando os interesses das elites locais. Ademais, a crise econômica foi apenas uma das motivações do movimento, na verdade inspirado em ideais republicanos já circulantes na Europa e conduzidos por grandes lideranças locais, principalmente eclesiásticas e maçônicas, Frei Caneca, entre eles, daí também chamado de 'Revolução dos Padres', tendo ainda como causas a insatisfação da população quanto a excessiva cobrança de impostos exigidos pela Coroa Portuguesa e o excesso de portugueses ocupando os principais cargos públicos, trazidos quando da vinda da família real para o pais, uma das queixas das elites locais que proclamaram a República mas não tocaram na escravidão. Migalhas acerta ao determinar a crise econômica como motivação, mas não lembrou que aquela crise foi causada por uma das maiores secas do Nordeste, a grande seca de 1816, causando grande perda na produção do açúcar e do algodão, as duas grandes riquezas da Capitania de Pernambuco, o que demonstra que tanto a seca quanto o excesso de impostos são fatores ainda persistentes no Brasil de hoje e que precisam ser debelados para que o nosso país deixe de ser apenas uma nação de futuro e possa dar melhores condições de vida às populações menos favorecidas."

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