Ensino superior

1/8/2006
Olavo Príncipe Credidio – advogado, OAB 56.299/SP

"Sr. Diretor de Migalhas. Li em Migalhas (1.465 – 31/7/06) 

'Investimento

 

O Banco Mundial investiu US$ 12 milhões no ensino superior privado brasileiro, ao adquirir 70% do controle da Anhangüera Educacional, um conglomerado paulista.' 

Não vou me referir à aquisição acima; mas ao que vem sucedendo, nestes últimos anos: centenas de Faculdades sendo abertas, sem nenhum cuidado sem sequer avaliar que espécie de ensino proporcionam. Fui Inspetor do Ensino de 2º Grau, pela década 70 e me lembro de como encarávamos com seriedade nossa missão. Na época, Faculdades foram fechadas por irregularidades. Lembro-me de uma da cidade de Suzano, outra, Colégio de 2º. grau, na zona de Santo Amaro, chamava-se Oxford, se não me engano. Avaliávamos e analisávamos, examinando os documentos e ‘pari passu’ examinávamos até cadernetas de professores, para verificar as matérias dadas, se estavam dentro do currículo, quanto às faltas punidas etc. Sabemos que é um empreendimento lucrativo; mas e os alunos? Pelos exames da OAB sentimos que algo deve ser feito; e note-se que somente a OAB  faz exames para dar condições ao bacharel para advogar. E as demais Faculdades: Medicina, Odontologia, Engenharia? Será que se fizessem exames como na OAB não haveria reprovações em massa? Olha! Acho que essas Faculdades deveriam ser bem analisadas, investigadas de sua eficiência; e os exames de suficiência serem obrigados para todos os bacharéis. Imaginem um médico despreparado? Quanto àquelas que não satisfizessem, deveriam ser fechadas, deslocando os alunos para outras eficientes. Sei que as Faculdades conseguiram os tais currículos diversificados, para impedir transferências de alunos, com tráfico de influência. Isto deveria ser revisto, obrigando a currículos únicos. Gostaríamos de saber quem consentiu nessa aberração, sem punição. Nem queremos sugerir que houve suborno, mas que causa celeuma, e há suspeição. Sou de um período em que Educação era coisa séria e havia poucas unidades de colégios particulares e esses particulares eram considerados sérios. Os professores eram considerados, no Estado, catedráticos, submetidos a exames difíceis, para ingresso; mas eram bem remunerados. Hoje vemos exames para ingresso de formandos em segundo grau, em diversas carreiras, com salários iniciais bem superiores aos dos professores. Como querer uma Educação honesta assim? Deparamos com profissionais do Judiciário, juízes e até desembargadores 'data venia' em que notamos suas poucas qualidades na  interpretação de textos, motivadas pelo sem dúvida péssimo ensino da língua portuguesa que, em Faculdades de Direito, principalmente, deveria ser dada nos  5 (cinco) anos do curso, inclusive acompanhada com lições de língua latina, pois esta obriga a raciocinar e, por isso, obviamente a chamada Revolução 64 extinguiu; assim como extinguiu Filosofia, duas matérias que obrigavam a  raciocinar, e não interessava que o povo raciocinasse 'rogata venia'. Quanto ao latim, deveriam reproduzir o que disse o saudoso Professor Napoleão Mendes de Almeida, em sua Gramática Latina, referindo-se a Professores europeus que aqui vieram e recomendaram que se desse latim em vez de decoração, para os símbolos matemáticos, pois o latim aqui foi extinto, enquanto nos países europeus dá-se ainda hoje latim por até 10 anos, e deve haver razões para isso. Atenciosamente"

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