Caso Liana Friedenbach e Felipe Silva Caffé

1/8/2006
Pedro Luís de Campos Vergueiro – Procurador do Estado de São Paulo aposentado e advogado

"A notícia é estarrecedora: tecnicamente, diz-se, o Champinha teria a personalidade do camaleão pois, como o bicho, adaptaria suas cores à do ambiente em que vivesse. Assim, dizem os técnicos, ele poderia, até, ser um monge. No meu entender os técnicos que assim concluíram estão delirando. Ou acreditam piamente em duendes... Se botam fé em suas próprias conclusões, aqui dou a minha sugestão: não o deixem perambular pelas ruas, levem o Champinha para sua própria casa e, com base no método Pavlov, ou outro, no seu ambiente doméstico onde tudo é certinho certamente, completem, se isso é tão factível, o desenvolvimento dele para transformá-lo numa pessoa apta a viver na sociedade dos bons e dos corretos, e com a necessária compreensão dos nossos valores éticos, morais etc. 'Data suma venia'! Recordo-me de ter lido, um dia, a notícia de uma senhora casada, psicóloga, que praticava aqueles mesmos conceitos com relação aos jovens delinqüentes, a qual, porém, balançou, e muito, depois de, sob as ameaças habituais da situação, ter sido o objeto do desejo e vivenciado um seqüestro relâmpago. Exagero emocional à parte, em verdade, qual autoridade moral, ou, no mínimo, coerência têm aqueles técnicos para afirmar que o Champinha poderá até ser um 'monge' por absorção dos princípios vigentes no meio ambiente, se concluem também que, sendo portador de 'retardo mental leve', se ele estudar, quando muito poderá chegar até a 8ª série do ensino fundamental? É, poderá chegar até esse ano; afinal está proibida a repetência nessa fase escolar. Imagem por imagem, parece-me que a ele, Champinha, melhor se aplica a fábula do lobo sob a pele do cordeiro: quando puder, com a pele ou sem ela, ele vai atacar e, então, arrasar."

Envie sua Migalha