Escândalo dos sanguessugas

4/8/2006
Conrado de Paulo

'Esta é a 'Opinião do Diário', do Diário de São Paulo, hoje (3/8/2006): 'Rigor Necessário': 'Se a crise do mensalão mostrou que o compadrio e o corporativismo existentes na Câmara dos Deputados são capazes de inocentar mensaleiros comprovados, o escândalo dos sanguessugas começa a revelar o alcance da imprevidência dos partidos, o descaso com que tratam a opinião pública. A decisão de alguns deles de não fechar as portas a acusados de receber propinas do esquema de fraude do Orçamento, que assim poderão tentar se reeleger e preservar a imunidade parlamentar; indica distância que certos partidos têm do eleitor: Outra vez surgem as clássicas justificativas de que 'não podemos prejulgar' ou 'tudo precisa ser confirmado'. Ressurgem os clichês usados para preservar apaniguados e militantes quando eles são pilhados ao cometer delito ético. Os partidos se esquecem de que o caso dos sanguessugas não é um escândalo qualquer: Pela dimensão e pelas provas. Com a investigação empreendida pela Polícia Federal e a Justiça de Mato Grosso, a CPI dos Sanguessugas já montou uma lista com 87 deputados e três senadores, todos acusados de apresentar emendas para viabilizar a compra, por prefeituras, de ambulâncias e equipamentos criminosamente superfaturados. Em troca, consta, recebiam dinheiro, carros e passagens aéreas de Darci e Luiz Antônio Vedoin, gerentes do golpe. Um caso que envolve 15% do Congresso atinge a imagem do Poder Legislativo, e requer tratamento de choque para preservar a instituição. Os partidos deveriam tomar a iniciativa de afastar acusados de seus quadros. Bom exemplo darão PPS e PRB se de fato impedirem que denunciados tentem reeleger-se pelas legendas. A reação leniente de alguns partidos reforça a necessidade de a Justiça eleitoral acolher a interpretação do deputado Miro Teixeira ao Artigo 14 da Constituição, segundo a qual parlamentar contra quem existam provas consistentes de 'abuso do poder econômico, fraude ou corrupção' pode ser impedido de tomar posse pelo TSE'."

Envie sua Migalha